Ó Abre Alas

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Na fantasia de escritora, assumo meu papel no bloco de rascunho. A caneta, o estandarte em punho, registra as emoções do Unidos do Light. Como se "um portal mágico se abrisse”, preciso convocar todas as exclamações para dar -  Dez, Nota Dez!!! - ao quesito Harmonia de "Ó Abre Alas”! É o bordado de uma comissão de especialistas, apresentando um conjunto de significados. A vedete, a melindrosa, a mágica apresentadora bastariam para o encantamento. Porém, ao olhar observador, coisa alguma escapa ao quesito nostalgia. Cristaleiras, porcelanas, abajures, tudo, no espetáculo, remete ao fascínio da belle époque que meus pais viveram.

"Hoje, eu não quero sofrer...” É domingo, a viagem tem que prosseguir e as surpresas, na companhia de Solange de Paula, revelam o prazer de participar de suas vivências. Há uma fantasia dourada de saudade em cada frase e lembrar anágua de filó, engomada, é engomar recordações. Lembrou-me o barulhinho, notívago, da máquina Singer de mamãe, costurando habilidades para vestir a nossa infância de sonhos. 

Fotografias, personagens, crianças, confete e serpentina formam o trem da alegria de um passado colorido. A "constelação dos carnavais” traz estrelas de primeira grandeza. Marly Pinel, a alpha da apoteose friburguense, é de magnitude absoluta. Sua Majestade, Eduardinho, é o próprio "pássaro azul”, porque o seu talento está aqui, ao alcance dos olhos de Nova Friburgo. Francis e Alaélson Correia, dois ícones da excelência!

Sigo em frente, e a "sopa de tomate e beterraba” é vitamina pura, e hidratando a minha escrita, vejo que Chico aconselha quatro refeições diárias – café da manhã, almoço, lanche e jantar. A modernidade, eu penso, tenta abolir o jantar, mas, pelo visto, está na moda, porque o dia a dia é um eterno carnaval de correrias. 

O desfile continua e encontro o mestre-sala da palavra – David Massena, que, no Alegria! Alegria!, agita as emoções. Esse folião, em foco, parece que já viveu mil vidas, tamanha a riqueza de seu carro alegórico de lembranças e, se "grande é quem tem história para contar”, então, David é incomensurável.

Ufa! Saio do Unidos do Light e, em Ponto de Vista, encontro o enredo "Guerreiros Alfabetizados”. Leio e me encanto com o trabalho do EJA e vem a ideia de invocar Braguinha, para aplaudir Ana Paula: "Lourinha, dos olhos claros de cristal, desta vez, em vez da moreninha, serás a rainha do meu carnaval...”. Emociona a leitura e faz refletir que o ato de ler, corriqueiro para a maioria, é ainda um sonho para muitos. 

 "Bufou mas pagou” – parece nome de bloco carnavalesco? Nada disso! É o resumo da encrenca em destaque no Há 50 anos. É interessante como o carretel dos acontecimentos se desenrola em semelhantes episódios, no passar do tempo. Ah! Deixa pra lá! Melhor saber que em 1964, ganhar um liquidificador era um fato exultante, assim como é saudável lembrar nomes ilustres. Mas, e a Casa Aurora?  Vendia o quê? Que pena! Papai, tio Otávio e o Abbud não estão mais aqui para contar histórias.

Foi bom rememorar o Sanatório Naval e sua importância em causas sociais, junto à cidade. Na última estação, doutor Galdino é todo espelho para a comunidade e as homenagens são extremamente merecidas. Entretanto, a prazerosa viagem dominical se encerra, não por vontade própria, pois, com disse Wanderson Nogueira – "motivação tem força”,  mas... o trajeto desta folha A4 foi todo percorrido. Nem há mais tempo para comentar sobre a tal "verba”, porque o meu verbo acabou! 

 

Galdino do Valle Filho

deixou o exemplo de herança...

Por sua luz, por seu brilho,

fez-se o Dia da Criança!     

Elisabeth Souza Cruz

 

 

 

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Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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