Nova Friburgo: riqueza histórica e suas diversas datas a comemorar

A história friburguense é cheia de registros de datas importantes
sábado, 16 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra

“Agora perguntamos: qual a data mais apropriada para festejar o ‘Dia de Nova Friburgo’? Em nossa opinião, qualquer delas é valida, ou por outra, o melhor mesmo é festejar todas elas, por que não? Todas são verdadeiramente marcantes na história de nosso município e de nossa comuna. Rincão que tem passado, história e tradição a zelar. Logo, quanto mais festas e mais alegria, melhor!” (Raphael Luiz de Siqueira Jaccoud, em “História, contos e lendas da Velha Nova Friburgo)

Durante muito tempo — além dos festejos de maio não serem como atualmente, tendo início mesmo regular a partir de 1947, com o então prefeito Cesar Guinle — a data de aniversário de Nova Friburgo encerrava uma polêmica.

Afinal, o dia 16 de maio, diferentemente da maioria dos municípios brasileiros, assinala a data da fundação e não a emancipação político-administrativa, geralmente quando um município se desmembra do outro. Comparando, seria como se comemorássemos o nosso aniversário quando nossos pais nos conceberam e não quando nascemos...

Registros históricos nos remetem à celebração com grandes pompas do centenário, em 1918, e a partir dá década de 1940 de forma constante até os nossos dias, com destaques nos anos de 1954 e 1956 (segundo a tese do historiador João Raimundo de Araújo, para reforçar a construção do mito “Suíça Brasileira”).

De fato, a tão rica história friburguense, é cheia de registros de datas importantes. A meu ver, a escolha do 16 de maio, encontra justificativas com alguns respaldos irrefutáveis: no clima, na cultura e até na bandeira política de uma época.

Só para citar um exemplo: imagina-se comemorar o aniversário do município em janeiro (03 de janeiro de 1820 ou 03 de janeiro de 1890, respectivamente datas do alvará de criação da Villa e da elevação à categoria de Cidade), logo ali num início de ano, período de férias (e olha que ainda não tínhamos às praias de Rio das Ostras!).

Além disso, o período do inverno com clima mais propicio aos ideais de aproximação com o País colonizador, por certo pesou na decisão dessa escolha, que encontraria então, no Decreto do Rei Dom João VI, o documento perfeito, que por sinal consagra Nova Friburgo como a única Cidade Real brasileira, criada pelo próprio monarca português por ocasião da vinda da Família Real lusitana para o Brasil.

Recorro à citação do engenheiro e historiador friburguense, saudoso amigo Raphael Luiz de Siqueira Jaccoud (também um descendente dos pioneiros colonos) para defender que até nisso Nova Friburgo é privilegiado. Nos seus 200 anos, para os quais faltam exatos 1095 dias, se quisermos poderemos passar todo o ano de 2018 em festas (confira algumas datas).

E também, sob a inspiração do mesmo Raphael Jaccoud, afirmo que motivos não faltam para festejarmos. Afinal, segundo ele em seu livro: “a origem de Nova Friburgo é muito anterior ao seu próprio nascimento. Possui antecedentes históricos que se prendem a fatos remotos e da maior importância, ocorridos no Velho Mundo. (...) foi concebida, como todos nós, muito antes de vir à luz. (...) Nasceu. Passou por uma larga crise que quase a destruiu. Recuperou-se, cresceu vingou e ai está: pujante, formosa, progressista, desejada - até demais para nosso gosto - e, sobretudo, muito amada por todos nós. (...) É tudo isso que a torna diferente da maioria das outras cidades”.

Algumas datas importantes

  • 23 de junho de 1817 - Embarque para o Brasil de Sébastien-Nicolas Gachet, autorizado pelo Governo da República e da Cidade de Fribourg, na Suíça, a negociar com a Corte Portuguesa a migração dos colonos suíços, que fundariam Nova Friburgo
  • 3 de outubro de 1817 - Chegada de Gachet ao Rio de Janeiro, procurando contato com a Corte para tratar do empreendimento da colonização suíça no Brasil
  • 2 de maio de 1818 - Entregue a Gachet, pelo rei D. João VI, a carta-resposta ao Governo suíço, concordando com a proposta de remessa dos colonos
  • 6 de maio de 1818 - Decreto real através do qual a Coroa Portuguesa compra a fazenda do Morro Queimado (quatro Sesmarias de mata), além da propriedade denominada São José do Ribeirão e mais duas glebas, de meia sesmaria cada, pertencentes a Manoel de Souza Barros e José Antônio Guimarães
  • 16 de maio 1818 - Decreto de dom João VI aprova as condições para estabelecimento de uma Colônia com 100 famílias, trazidas pelo Agente do Canton de Fribourg, Nicoulas Gachet, fazia surgir o primeiro núcleo de população do que atualmente é Nova Friburgo
  • 3 de dezembro de 1818 - Aviso mandando remover, do território adquirido pela Coroa Portuguesa, na Sesmaria de Cantagalo, índios, que seriam aldeados em lugar conveniente a fim de serem civilizados
  • 4 de julho de 1819 - Um domingo, saída da de Estavayer-le-Lac, na Suíça, dos primeiros emigrantes de Fribourg (os mais numerosos, num total de 830), os de Vaud, Neuchâtel e Genebra, iniciando a longa viagem. Nesta data também foi criada, na Suíça, a paróquia de São João Batista, inclusive com a celebração de seu primeiro casamento
  • 4 de dezembro de 1819 – O ‘Deux Chaterines’, que havia iniciado a travessia em 11 de setembro, se aproxima do Rio ao cair da noite. Fica a deriva e só aporta dois meses depois
  • 3 de janeiro de 1820 - Alvará do Governo Real eleva a povoação da antiga fazenda do Morro Queimado à categoria de vila, denominada Vila de São João Batista de Nova Friburgo, nome escolhido em homenagem ao próprio rei, ao mesmo tempo desmembrando-a de Cantagalo. Assim, Nova Friburgo é o primeiro núcleo de colonização não portuguesa, no Brasil
  • 18 de fevereiro de 1820 - Chegam a Nova Friburgo os últimos imigrantes que viajaram no ‘Camillus’, veleiro que fora obrigado a estacionar na Inglaterra para receber reparos
  • 17 de abril de 1820 - A vila foi oficialmente inaugurada, tendo Monsenhor Miranda anunciado ao Rei, “os suíços não perderam tempo e caíram numa festança de arromba”. Houve uma grande procissão, saindo do chatô, desfilando pelo centro da vila
  • 6 de agosto de 1820 - Por ordem do próprio Rei D, João VI, em meio a retumbante festa, foram lançadas as pedras fundamentais de novos e importantes estabelecimentos públicos para a estrutura de Nova Friburgo
  • 3 de maio de 1824 - chegada à Vila de Nova Friburgo, dos primeiros alemães protestantes, fazendo do município também o primeiro pólo de migração alemã no Brasil e sede da primeira igreja luterana da América Latina
  • 30 de novembro de 1871 - Nova Friburgo ascendia à condição de Comarca e a 8 janeiro de 1890, pelo Decreto 34, teve sua sede elevada à categoria de Cidade

Girlan Guilland é jornalista e assessor de imprensa da Euterpe Friburguense

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