Os cerca de 50 manifestantes que compareceram à galeria da Câmara Municipal na noite da última quinta-feira, 14, queriam ouvir explicações por parte dos vereadores que votaram pelo arquivamento da proposta de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Saúde em Nova Friburgo. Especialmente dos três da mesa diretora que declararam em seus votos não haver fato determinado para a instauração. A sessão temática — sobre violência no trânsito — acabou suspensa diante do entusiasmo dos manifestantes.
“Em mais de trinta anos de participação política em Nova Friburgo, nunca vi uma sessão ser cancelada por interferência popular”, afirmou o sindicalista e ex-vereador Edil Nunes após o protesto. A sessão — proposta há dois meses pelo vereador Christiano Huguenin e aprovada por unanimidade pelos 21 parlamentares — era presidida pelo vereador Marcelo Verly, uma vez que o presidente Marcio Damazio se encontrava no Rio de Janeiro.
A reunião chegou a ser reiniciada e Christiano Huguenin continuou a sua fala, apesar das manifestações da assistência. Por fim, Verly interrompeu novamente a sessão, e os protestos continuaram acalorados. Um manifestante questionou a postura de Renato Abi-Ramia, que então desceu do plenário e foi até a assistência justificar sua não assinatura. Por fim a sessão terminou sendo suspensa em definitivo, por sugestão de policiais militares presentes à sessão.
O protesto
A manifestação na Câmara na noite de quinta-feira foi um desdobramento do ato pró-CPI realizado na Praça Dermeval Barbosa Moreira e mobilizado através das mídias sociais desde a semana passada, e nas ruas, por carros de som. O ato começou às 17h30 e contou com a presença dos vereadores Zezinho do Caminhão, Gabriel Mafort e Cláudio Damião. Ao final, manifestantes rumaram à Câmara. A sessão já estava em andamento e, diante da pressão, foi interrompida.
O grupo gritou palavras de ordem denunciando a precariedade do serviço público de saúde e portava cartazes com as mensagens “A saúde de Nova Friburgo pede socorro”, “Fora corruptos” e “Raul Sertã pede socorro”. Enquanto os vereadores discursavam sobre o trânsito, os manifestantes se pronunciavam sobre a saúde.
Apesar de já contar com 15 mil assinaturas de cidadãos friburguenses em prol da instauração da CPI da Saúde, a proposta, do vereador Cláudio Damião, foi rejeitada pela mesa diretora da Câmara na madrugada do último dia 6, com o plenário esvaziado.
Na terça-feira, 12, o secretário municipal de Saúde, Luis Fernando Azevedo, anunciou sua renúncia ao cargo em sessão na Câmara Municipal, num expediente agitado também pela aprovação da proposta que mantém o número de vereadores na casa em 21 parlamentares.
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