PELA PRIMEIRA vez desde que assumiu a chefia do governo, em 2011, a presidente Dilma Rousseff não fará o tradicional discurso em homenagem ao Dia do Trabalhador, na próxima sexta-feira. Preocupada com o baixo índice de popularidade e atendendo a orientações de seu “núcleo” político, optou por dizer algumas palavras através das redes sociais.
A INÉDITA decisão responde ao que todos os brasileiros já sabem: não há muito que dizer à Nação neste momento, notadamente na área trabalhista, que vive momentos de incerteza com a aprovação da terceirização do trabalho pelo Congresso Nacional. Sua própria base, a conhecida “tropa de choque” formada pela CUT, MST e outras organizações sindicais, não estão contentes com a decisão que modifica as relações entre trabalhadores e patrões.
APESAR DAS constantes declarações da mandatária, que aceita as regras do jogo democrático e, portanto, não teme manifestações contrárias ao seu governo, percebe-se com clareza que o seu segundo mandato será realizado sob o manto do descontentamento. Tal impressão é caracterizada pelos sucessivos escândalos de corrupção, gastança desmesurada do governo, o fortalecimento da oposição após a eleição de outubro e o aumento da indignação da sociedade brasileira. O momento, portanto, é de falar menos e fazer mais.
O DIÁLOGO que o governo manterá com a sociedade — através de algum canal na rede social — não conseguirá, contudo, a necessária comunicabilidade para suprir a audiência quase unânime da televisão nos lares brasileiros. A proposta de seu discurso poderá atingir apenas a própria base aliada de petistas, sem chegar aos rincões do país com propostas de mudanças e de avanços no desenvolvimento da Nação. Provavelmente fará um discurso para uma plateia que deseja ouvir sua mensagem, uma claque, e não a toda a população.
O EX-PRESIDENTE Lula vem pedindo insistentemente à sua afilhada política que diga o que pretende fazer neste segundo mandato. A “companheira Dilma”, no entanto, passados quatro meses de governo ainda não soube dizer, em alto e bom som, para todo o país, qual é a política de desenvolvimento que colocará em prática. Infelizmente, ainda não ouviremos do governo neste Primeiro de Maio palavras de ânimo e de esperança. Não há, realmente, o que dizer.
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