Todo internauta possui o espírito do jornalista, mesmo quando desconhece as técnicas da profissão. O público aprenderá a separar o joio do trigo. O jornalista precisa, apenas, saber para quem está destinando seu trabalho. E isso não é fácil
Nesta entrevista, o jornalista, com 30 anos de carreira, antecipa algumas questões que abordará em sua palestra – aberta ao público -, a ser realizada neste sábado, 25, às 19h30, no auditório da CDL, a convite de A Voz da Serra. Em pauta, as mudanças no universo midiático, com a migração de revistas e jornais da mídia impressa para a mídia digital, e o interesse do leitor em interagir com a mídia através de aplicativos como o WhatsApp, que, em consequência, torna-o uma espécie de coprodutor de notícias. Como que por associação, este mesmo leitor passa a contar com poderosas ferramentas para resolver seus próprios problemas, como já vinha acontecendo, com eficácia, através de seções como “cartas dos leitores”.
Light - O empresário inglês da área de publicidade Martin Sorrell, fundador e presidente da WPP (a maior do mundo), disse, recentemente, que os veículos tradicionais de mídia são mais poderosos do que as pessoas pensam. O que você acha disso?
Sidney Rezende - Sim, os veículos constituídos são poderosos e não perderão seus postos da noite para o dia. No entanto, as mudanças de plataforma também exigirão um doloroso processo de adaptação. Foi assim quando os pergaminhos foram substituídos pela imprensa de Gutenberg, esta mesma tal como conhecemos hoje. Este novo modelo é o que se está discutindo no momento. No meu entendimento é que deveremos sepultar o modelo antigo de veículos separados e se tentar uma aproximação de veículos concorrentes. Esta nova força comercial é que ganhará musculatura para enfrentar os gigantes da tecnologia. E, também, forçar os governos a incluir os gigantes de tecnologia na mesma planilha legal dos veículos constituídos. Que todos paguem seus encargos e tributos devidos.
Ainda segundo Sorrell, pesquisas recentes mostram que essa mídia tradicional pode ser mais engajadora e que leitores tendem a registrar melhor a informação veiculada em revistas e jornais impressos do que a partir de conteúdo on-line e móvel. Como você analisa esse ponto de vista?
Concordo, em parte. Vejo um futuro mais longo para as mídias locais. Cada cidade precisa ter seus veículos próprios. Sob este aspecto, Martin Sorrell acerta na mosca. Já os “grandes” terão adversários ainda maiores: redes sociais, sites de busca e novos produtos produzidos pela internet.
No entanto, cada vez mais se discute o fim da mídia impressa. Você acredita nisso ou a tendência é que uma complemente a outra?
A sinergia, a multiplataforma e a pluralidade parecem sinalizar o novo rumo que já estamos vivendo. Este fenômeno já é fruto da desgastada globalização. Tudo indica que o complexo emaranhado de veículos impressos será reduzido. Os locais, sobreviverão. Os demais, serão engolidos se não se unirem a outros grupos, e os mais frágeis, simplesmente morrerão.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Deixe o seu comentário