Em homenagem ao A Voz da Serra - Três gotas de adoçante

sábado, 11 de abril de 2015
Foto de capa

De que matéria é feita a vida? A mesma que se constroem os sonhos? A mesma que nos organiza como espécie, homem e mulher, árvore genealógica, história, carteira de identidade? Qual é o fio invisível que nos une? De tão banais nossos gestos, o café que tomamos de manhã, três gotas de adoçante, manteiga no pão, conferir se trancou mesmo o portão, enfim, de tão banais nossos gestos, quantas vezes passam despercebidos?

Ao contrário do que muitos podem achar, fazer jornal é tirar a banalidade das coisas. É dar a cada acontecimento, relevância. A cada pessoa, traçar a trajetória; a cada empresa, enumerar importâncias. As ruas não são apenas ruas na visão de um jornalista. São casas. E são lares dentro das casas. E nesses lares, a nossa gente. É no jornal que a vida vira verdade. 

Talvez tenha sido um simples gesto de Américo Ventura que possibilitou a cada um de nós estar aqui, hoje, sete de abril, terça-feira fria de outono. Sabe lá que cena o tocou, que história quis dividir, que maldade quis denunciar. Mas foi esse gesto, corriqueiro talvez, que nos uniu aqui. Esse fio invisível, essa matéria ainda sem nome que nos constrói, que junta os mesmos anseios do homem de 1945 aos nossos, 70 anos depois, em 2015, nessa festa, comendo e bebendo na mesma mesa farta.

Depois da partida de Américo e Laercio, era preciso muito peito para assumir o compromisso de contar a história de Nova Friburgo. Tirar forças sem saber de onde. Provar e testar a própria capacidade e sem nem saber pra quem ou pra quê. Mas a missão foi dada. E cumprida. E agora comemorada, com muito orgulho, em cada gole que bebemos aqui hoje. Esse é o legado de Adriana Elisabeth Ventura, de Gabriel Ventura.

“O jornal de um homem só” hoje tem mais de 30 funcionários, fora todos os que já passaram por aqui, em todas essas gerações de Ventura. 

É muita gente entrelaçada, certamente.

Muita história por trás da história e que ajuda a construir outras histórias. São filhos que crescem nos corredores. São amizades que se eternizam. São casamentos que nascem ali, no cotidiano de contar o cotidiano dos nossos pares. Homem e mulher, árvore genealógica, história, carteira de identidade.

Então, respondendo a primeira pergunta, “de que matéria é feita a vida?”, dizemos: da próxima. Da próxima matéria, do que virá. A vida é feita de futuro. É uma história em construção, onde somos todos operários. É tomar o café de manhã, com três gotas de adoçante, passar a manteiga no pão, abrir o portão. E escrever cada página dessa história.

Adriana, Gabriel, vocês são o fio (visível) que nos une aqui hoje. Que une todas essas gargantas numa só voz, forte, uníssona. Eterna. A voz da serra!

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Ana Blue

Blue Light

O que dizer dessa pessoa que a gente mal conhece, mas já considera pacas? Ana Blue não tem partido, não tem Tinder, é fã de Janis Joplin, parece intelectual mas tem vocação mesmo é pra comer. E divide a vida dela com você, todo sábado, no Blue Light.

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