Laercio Rangel Ventura deu vários depoimentos ao jornal ao longo dos 40 anos em que o esteve dirigindo. Reportando-se ao tempo de sua fundação, ele disse: "Um grupo do PSD – Partido Social Democrático, se cotizou para formar um jornal de apoio a suas ideias. (...) Com o tempo aquele grupo foi se dispersando, houve as mutações, as mudanças de partido. À medida que isso ia acontecendo, papai e Dante Laginestra foram comprando as cotas dos outros. Com a morte de seu Dante, papai fez um acordo com seus herdeiros e comprou a parte deles por um preço simbólico. (...) Quando papai morreu, fiz uma proposta e comprei a parte de meus irmãos. De lá para cá estou dirigindo o jornal, com um esforço muito grande, ajudado por uma equipe competente de funcionários dedicados. As dificuldades continuam as mesmas de outrora”.
A vida de Laercio Ventura, como foi mais conhecido, se confunde com a própria vida de A VOZ DA SERRA. Ele ficou à frente do periódico desde a morte de seu pai, o combativo jornalista Américo Ventura Filho, em fevereiro de 1973. Em princípio, sem poder sair da Indústria Sinimbu onde trabalhava há mais de 20 anos, contou com a ajuda de dois amigos: Lúcio Flavo Gomes da Silva e Paulo Santos. Depois de se desligar do emprego ele se dedicou inteiramente a AVS e com muita coragem e fibra venceu o grande desafio que a vida lhe legara. Essa característica de tenacidade herdada do pai levou a jornalista Dalva Ventura, sua irmã, a escrever uma matéria em que o cognominou de o "Dom Quixote da imprensa friburguense”.
Nas mãos de Laercio, A VOZ DA SERRA cresceu e a velha e obsoleta prensa Marignone foi substituída, a oficina modernizada, e a redação cresceu junto. O jornal passou de semanal, para três edições por semana, e com a inclusão do Light, um caderno especial aos sábados. Mais alguns anos e se tornou colorido e diário, mudanças da maior importância. No ano de 1997, AVS passa a ter a sua página eletrônica e dá um salto para o futuro lançando o seu site, que logo se firmou como o mais acessado de Nova Friburgo.
Atento às causas sociais e da comunidade, fazia questão de colocar seu jornal à disposição de entidades, instituições e associações, desde que visassem o bem comunitário e de Nova Friburgo.
Homem simples e modesto, Laercio foi avesso a badalações, especialmente envolvendo seu nome. Mesmo assim, recebeu inúmeras homenagens em vida e se orgulhava em especial de duas, a comenda Barão de Nova Friburgo, concedida pela Câmara Municipal, e a Medalha Tiradentes, a maior honraria do Legislativo Estadual.
Sua impressionante dedicação a AVS o fazia trabalhar, mesmo com problemas de saúde, sem jamais esmorecer. Trabalhou incansavelmente até aos 82 anos de idade.
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