Ana Borges
O abuso de alimentos ricos em gorduras saturadas, sódio e açúcares é um gatilho para doenças como infarto, derrames, hipertensão, obesidade, diabetes e câncer. Em contrapartida, é fácil incluir no cardápio alimentos heróis da resistência e da longevidade, ou, como muitos acreditam e vêm fazendo, aderir a cardápios alternativos como o vegetariano, vegano, macrobiótico, alimentos orgânicos, entre outros. Ter uma dieta saudável é tão importante que tem até data para celebrar: 31 de março é o Dia Nacional da Saúde e Nutrição. Convidamos a médica Lílian Assis — formada pela UFRJ, especialista em Nutrição Clínica e Esportiva, atuando como Personal Diet em Friburgo e no Rio, e responsável junto com a estudante de nutrição Lorena Barros pelo Nutritipkid (Instagram) — justamente para falar dessas alternativas alimentares. "Esse assunto é bem polêmico para mim, pois há quem relacione o vegetarianismo à alimentação saudável. Porém, nada é tão simples assim em nutrição”, antecipa Lílian, antes de começarmos a entrevista. Aproveite para se informar, tomar coragem, corrigir hábitos e ter uma vida saudável, com qualidade. Acredite, vale a pena!
Light - É possível uma pessoa ser totalmente vegana e ser saudável?
Lílian Assis - Possível é, mas demanda muita dedicação e na maioria dos casos, suplementação de proteínas e vitaminas. Apesar de termos fontes de proteínas vegetais como a soja, os cogumelos e as leguminosas (feijão, lentilha, etc) a biodisponibilidade (que é o quanto a proteína pode ser aproveitada) é bem maior nas proteínas de origem animal. Lembrando que os veganos não consomem leite e ovos.
No Brasil, temos o rotineiro e tradicional prato arroz, feijão, bife, batata frita, legume cozido e salada crua. É um bom cardápio?
Na minha visão, alimentação adequada é a balanceada. Como seres onívoros, necessitamos, sim, de proteína animal. Talvez o que esteja errado seja o fato do brasileiro consumir muita carne vermelha e em quantidades desnecessárias que podem favorecer doenças como o câncer. Outro ponto é que o arroz deve ser integral para um maior aporte de fibras, vitaminas e minerais. Poucas pessoas sabem, mas a resposta do corpo ao arroz branco é muito similar à resposta ao açúcar, então devemos moderar seu uso. Em relação ao feijão, o erro está em acrescentar carnes salgadas, embutidos, além dos temperos industrializados. Esses detalhes podem tornar um alimento saudável como o feijão num alimento maléfico. Se colocar carne-seca, linguiça ou paio, olhe para esse feijão como uma feijoada, portanto, este prato não deve ser apreciado diariamente. Os legumes e a salada devem preencher aproximadamente metade do prato. Não vale contar batata, aipim e inhame como legume. E também não seria adequado fritar ou gratinar com molho branco e queijo uma berinjela, por exemplo. Nas saladas, use azeite, limão, vinagre, sal ou shoyu, nunca molhos prontos ou à base de creme de leite e maionese, pois isso pode tornar uma simples salada numa bomba calórica.
É possível ou recomendável equilibrar cardápios diferentes e se sentir satisfeito e bem nutrido?
Sou a favor da redução da frequência do consumo de carne vermelha e carnes gordas (pele de frango e peixe também é gordurosa). Já a porção diária de carne, seja vermelha ou branca, deve ser recomendada individualmente levando em consideração fatores como idade, sexo, atividade física e doenças, dentre outros. Também acho válido ter refeições sem carne, usando como fonte de proteína as fontes vegetais. Gosto muito de um projeto chamado "Segunda sem carne”
Num mundo tão poluído, envenenado por agrotóxicos, conservantes, animais alimentados com rações misturadas com antibióticos e sei lá que outras substâncias, qual a melhor maneira de nos proteger?
Com certeza o melhor jeito de se proteger contra esses males é o consumo de alimentos orgânicos, pouco difundido na nossa cidade apesar de sermos um dos maiores produtores do estado do Rio. Os orgânicos vão muito além dos produtos sem agrotóxicos e antibióticos. Na produção destes há uma preocupação com a natureza e também com a qualidade de vida dos trabalhadores envolvidos na produção e distribuição dos alimentos.
O que você recomenda para seus pacientes sobre alimentação adequada, saudável, equilibrada, visando uma vida longa com qualidade?
O segredo é a variedade. Nenhuma dieta diária, por melhor que seja, pode ser adequada para todos os dias. Ela tem que variar conforme a mudança na atividade física, o envelhecimento e até as nossas vontades. Programe sua alimentação, não deixe a fome chegar, pois com ela é mais difícil fazer as melhores escolhas. Alimentação balanceada demanda tempo e dedicação e você e seu corpo merecem.
Lílian Assis
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