Os ânimos estavam exaltados na manhã de ontem, 17, no Centro de Distribuição Domiciliar dos Correios (CDD), no Centro. Ao menos trinta pessoas esperaram por mais de uma hora em pé, em uma fila, para receber encomendas e correspondências que há meses não chegam às casas de clientes. Enquanto dois funcionários se desdobravam para entregar envelopes e malotes, alguns moradores reclamavam da demora do atendimento. Uma idosa precisou sentar-se em uma cadeira porque a pressão dela caiu devido ao calor e o tempo de espera.
"Eu não recebo contracheques, extratos de bancos, o IPTU, nada. E olha que eu moro na entrada do Perissê”, reclamou a professora aposentada Elizabeth da Silva. "Não tem fila para idosos, não tem cadeira para sentar. Estou há mais de quarenta minutos esperando nesta fila”, disse, revoltada.
No fim da fila, Adiel Antônio Carvalho gritava o nome do gerente do CDD, mas, no período em que a equipe de reportagem esteve no local, nenhum responsável pelas entregas apareceu para dar explicações aos clientes e à imprensa. "Eu tinha que receber um boleto que venceu na semana passada. Agora vou ter que pagar com juros por causa dos Correios”, disse o morador de Varginha, que afirma que as entregas são feitas no bairro com atraso, sempre a partir do dia 20 de cada mês.
Reinaldo Abreu mora em Rosa Branca, distrito de Conselheiro Paulino. Ele estava na fila para pegar o carnê do IPTU, que não chegou. "Há três meses não chega correspondência lá em casa. O problema aqui é a falta de funcionários. Na última vez que estive aqui, um carteiro me falou que eles estão com carência de pelo menos dez funcionários”, contou.
Um carteiro, que tentava acelerar o atendimento e acalmar a professora Elizabeth, confirma as palavras de Reinaldo. "Nós estamos no mesmo barco que vocês. Faltam funcionários. Todo dia é assim e ninguém faz nada. Eu também sou cliente como vocês”, desabafou o profissional, que pediu para não se identificar. No meio da discussão, outro morador disse que chegou às 10h e levou quase duas horas para ser atendido. "Tinha 16 pessoas na fila. A moça trouxe duas correspondências que não são minhas. Eu moro no Centro, na Rua General Osório, e não recebo correspondências em casa há quatro meses”, reclamou, sem se identificar.
Num canto, embaixo de uma escada, Janete Oliveira da Silva, de 73 anos, tentava se acalmar sentada na única cadeira disponível no local. Ela estava há 1h40 esperando o atendimento, e, por causa da demora e do calor, a pressão dela caiu. "Isso aqui é uma falta de respeito com as pessoas”, disse a idosa, moradora do Parque Maria Teresa.
O CDD de Nova Friburgo fica na esquina das ruas Dante Laginestra e Prefeito José Eugênio Müller, no Centro, e é a unidade dos Correios onde as mercadorias enviadas de todo o país são armazenadas para então, após serem separadas, serem entregues tanto no próprio município como nos vizinhos Sumidouro, Carmo e Duas Barras. Se o cliente não receber a correspondência em casa, ele pode procurar o Centro de Distribuição e, com um documento em mãos, pegar as cartas e encomendas.
O atraso na entrega de correspondências na cidade pode durar um longo tempo, porque, segundo o Sindicato dos Correios do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), a categoria pode entrar em greve por tempo indeterminado no início de abril. Na pauta de reivindicações estarão o aumento do número de profissionais e melhores condições de trabalho.
O problema de atraso na entrega de correspondências pelos Correios é comum em diversas cidades do país. No ranking realizado pelo site Reclame Aqui, a empresa pública está entre as dez com mais reclamações de consumidores. Em um ano, quase 28 mil reclamações foram feitas no site onde o consumidor pode expressar sua insatisfação quanto ao atendimento, compra e venda de produtos e serviços. Sem qualquer custo, os conflitos costumam ser mediados no próprio site.
A assessoria de comunicação dos Correios informou que "para regularizar as entregas, a empresa está adotando providências para reposição de pessoal no CDD de Nova Friburgo, inclusive com operações especiais aos fins de semana”.
CARNÊ DO IPTU ATRASADO
Na semana passada, o secretário de Finanças do município, Juvenal Condack, disse em entrevista que a Prefeitura não prorrogará o prazo para pagamento da cota única e da primeira parcela do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que vencerá amanhã, 19.
O secretário disse que os moradores que não receberam o carnê pelos Correios podem pegar a segunda via do imposto no Salão Azul, dentro do prédio da prefeitura, no Centro, ou por meio do site www.pmnf.rj.gov.br. "Nós já tivemos duas reuniões com representantes dos Correios e eles alegam que o atraso ocorre por causa da falta de pessoal. Mas muita gente também não recebe porque está com o endereço desatualizado”, disse, ao comentar sobre o atraso na entrega dos carnês.
Os contribuintes que pagarem o IPTU em somente uma parcela, até o dia 19 de março, terão desconto de 8%. Os donos de imóveis também podem pagar o imposto em 10 parcelas sem juros, sempre no dia 19 de cada mês.
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