A banana de Daniel Alves

sábado, 03 de maio de 2014

A reação do jogador Daniel Alves, do Barcelona, comendo a banana que um torcedor racista jogou em campo, na tentativa de associá-lo a um macaco, teve ampla repercussão. Não só no Brasil, como na Europa. Isso acabou tendo um efeito positivo.

É preciso ficar claro: é inadmissível que um ser humano seja julgado pela cor da pele. (Vejam: não me refiro à raça, porque reconheço apenas a raça humana; as tentativas de separá-la artificialmente, como no nazismo, não chegaram à boa coisa). E, lamentavelmente, é preocupante o fato de que gestos como esse estejam surgindo em maior número nos últimos tempos em estádios de futebol.

Inicialmente, eles apareceram na Europa, em particular nos países do Leste Europeu, que tinham vivido experiências supostamente socialistas. A herança deixada mostra bem que, de socialistas, eles não tinham nada.

Posteriormente, esse comportamento começou a surgir também na Itália e, agora, na Espanha. Ele precisa ser combatido em duas frentes: primeiro, punindo os times cujas torcidas entoem cânticos racistas, assim como torcedores responsáveis por manifestações de discriminação racial; de outro lado, abrindo o debate na sociedade, de forma a isolar, constranger e expor à execração pública os trogloditas que, em pleno século 12, têm comportamentos desse quilate.

Mas, para surpresa de muitos, recentemente manifestações como essas chegaram também a estádios brasileiros. Isso jogou por terra a ideia de que por aqui não há racismo.

Que episódios como os que envolveram agora Daniel Alves, e antes tiveram como alvos o jogador Tinga e o árbitro Márcio Chagas da Silva, no Rio Grande do Sul, pelo menos sirvam para pôr o tema em pauta. Afinal, dentre as manifestações reacionárias e obscurantistas, com certeza o racismo é das piores.


*Presidente da Comissão Nacional de Direitos

Humanos da OAB e da Comissão da Verdade do Rio 


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