De novo, a tragédia das chuvas

sábado, 04 de janeiro de 2014

Todos se lembram da tragédia que representaram as chuvas na Região Serrana no verão de 2010/2011. Foram mais de 500 mortos. Na época houve muitas promessas de investimentos em obras de prevenção.

Posteriormente o assunto só voltou às manchetes nas páginas policiais, com autoridades sendo acusadas de malversação dos recursos enviados para a região.

Agora, o Rio e a Região Metropolitana estão com seis mil desabrigados pelas chuvas. São milhares de famílias pobres que perderam tudo o que tinham.

O governador Sérgio Cabral responsabilizou seus antecessores no cargo: "São 30 ou 40 anos de abandono”, afirmou. Segundo ele, de sete anos para cá, período em que está à frente do governo, estão sendo tomadas providências

para reverter a situação. Pode ser.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, deu declarações contraditórias. No primeiro dia de chuvas fortes, ao mesmo tempo em que afirmou que a situação estava normal, pediu que as pessoas ficassem em casa na medida do possível.

Depois, prometeu multar a concessionária responsável pela construção da Via Binário, inaugurada no início de novembro e transformada num rio com as chuvas da semana passada. Depois, soube-se que, certamente por razões

políticas, a via tinha sido inaugurada sem que o sistema de drenagem estivesse concluído.

Estamos apenas no início do verão. É de se esperar novos temporais.

É oportuno, então, lembrarmos um projeto de lei, preparado pela OAB/RJ quando estávamos à frente da entidade, responsabilizando criminalmente autoridades omissas na prevenção de catástrofes climáticas. Esse projeto foi levado ao Congresso no primeiro semestre de 2012, após a calamidade que

atingiu a Região Serrana.

A ele não foi dada pelos parlamentares a atenção que merecia.

É hora de apressar sua tramitação.


*presidente da Comissão da Verdade do Rio e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB


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