Cinema - No escurinho do cinema... na sala de aula

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
por Jornal A Voz da Serra

Antonio Fernando

O cinema é, indiscutivelmente, uma arte em pleno entendimento com as gerações devido às suas inovações tecnológicas, mas, principalmente, por suas mensagens de cunho social. E a educação é um de seus principais canais para se comunicar com este público em permanente mudança, caminhando com a evolução da sociedade.

Tendo como mote a educação, a indústria cinematográfica já realizou inúmeras películas ora exaltando as qualidades do mestre, ora elevando os princípios educacionais ou realçando as virtudes dos jovens estudantes, inclusive destacando as suas mazelas, os seus bullyings. Arte e educação caminham lado a lado e revelam a integração existente entre elas. No cinema, isto é possível e, mais que isso, é uma simbiose quase perfeita. Veja estes exemplos.

 

Entre os Muros da Escola (Entre Les Murs), Laurent Cantet, 2007, França. François Marin é professor de francês em uma escola secundária, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas se esforçam para que os alunos aprendam o conteúdo. François busca estimular a turma, mas tem de enfrentar a falta de educação e o descaso dos jovens. O professor ainda tem de lidar com os conflitos étnicos e culturais: as classes têm alunos franceses e imigrantes das ex-colônias da França na África, e muçulmanos.


Escritores da Liberdade, Richard La Gravenese, 2007, EUA. Uma nova professora chega à escola tentando mostrar aos estudantes que aquilo que trazem de casa ou das ruas faz sentido também dentro da sala de aula. Problemáticas como racismo, desigualdade social e exclusão social dão o mote do filme. Baseado em fatos reais, o longa mostra como a professora Erin Grunwell transformou a relação de aprendizagem em uma escola dividida por tribos. Escola marcada pela resistência dos estudantes em lidar com as diferenças, é por meio da professora que a discussão de cor/raça é trazida para as atividades, que incluem escrever sobre a história de vida de cada um.


Sarafina – o som da liberdade, Darrell Roodt, 1992, África do Sul. Com Whoopi Goldberg no papel principal, o filme conta a história de uma professora sul-africana que não aceita ver os estudantes se sentindo diminuídos. Em um processo educativo permanente, ela ensina seus alunos negros a lutarem por seus direitos e a compreenderem a sociedade em que vivem, não esquecendo que podem diariamente transformá-la.


Preciosa, Lee Daniels, 2009, EUA. O filme conta a trajetória de Claireece "Preciosa” Jones, uma garota negra que sofre diversas dificuldades. Quando criança é abusada e violentada pelos pais. Cresce pobre e passa por uma série de discriminações por ser analfabeta e obesa. Após muita insistência pessoal e com a ajuda de uma educadora que acredita na sua possibilidade de mudança, Preciosa dá a volta por cima.


Edukators, Hans Weingartner, 2004, Alemanha/Áustria. A história é centrada nos jovens Jan, Peter e Jule, que acreditam que podem mudar o mundo. Jan e Peter se autodenominam Os Educadores, rebeldes contemporâneos que expressam sua indignação de forma pacífica: eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar e espalham mensagens de protesto. Mas, após a invasão da casa de um conhecido homem de negócios, Jule esquece um celular no local. No dia seguinte, eles são obrigados a retornar. O empresário os surpreende e acaba sendo sequestrado. The Edukators é um filme sensacional, com diálogos afiados, personagens encantadores e com uma mensagem perturbadora. O talentoso Daniel Brühl ("Adeus, Lênin” e "Bastardos Inglórios”) é Jan.


If..., Lindsay Anderson, 1968, Inglaterra. Palma de Ouro em Cannes em 69 (oficialmente, Grand Prix, visto não ter sido atribuída a Palma de Ouro no período 64/74), foi justamente concebido em 68, e trata de rebeldia estudantil numa instituição de ensino inglesa (chamada apenas de Academia). Tendo como fonte o livro Crusaders (Guerrilheiros), de David Sherwin, "If...” se insere no rol de filmes que hoje servem de referência para a compreensão do espírito de rebeldia dos anos 60 e ainda situam a ação no ambiente escolar (a escola, na época, era entendida por muitos como entrave à mudança de costumes — minissaia, cabelos compridos, liberação sexual — e aparelho de manutenção da ordem burguesa).

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