Antonio Fernando
Mel Gibson, dirigindo o épico Apocalypto (2006), mostrou que pode realizar um filme admirável, completamente diferente dos seus dois filmes (Coração Valente e Paixão de Cristo), fazendo uma reconstrução primorosa da América pré-colombiana, usando não atores falando a língua dos Maias. O filme foi vencedor do Oscar de melhor maquiagem, Oscar de melhor edição de som e Globo de Ouro de melhor filme.
Sem amenizar nas cenas mais fortes, Gibson filmou em locações reais, com uso de poucos efeitos digitais trabalhando de forma diferente dos utilizados hoje em dia. O filme, sem dúvida, é muito melhor que suas obras anteriores, apesar de ser menos valorizado pela crítica e pela bilheteria.
O caçador Jaguar Paw (Garras de Jaguar, em português) vive com a sua mulher que está grávida, com o seu filho e com o seu pai numa idílica aldeia na selva da América Central. Quando um dia a sua aldeia é atacada por um outro povo, ele luta em um massacre no qual o seu próprio pai é assassinado. Garras de Jaguar consegue, apesar de tudo, esconder a sua família numa gruta, deixando-a em segurança.
Juntamente com outros membros do seu povo, acaba por ser capturado e é levado para uma cidade Maia, na qual durante o percurso vê uma garota que faz um presságio. Lá, as mulheres capturadas são vendidas como escravas e os homens são levados para uma pirâmide, onde serão mortos ritualmente. Quando chega a vez de Garras de Jaguar ser sacrificado, acontece um eclipse solar que é interpretado pelo sumo sacerdote como um sinal de que o deus-sol não necessita de mais sacrifícios e o presságio começa.
Garras de Jaguar e outros prisioneiros são então levados para um campo onde terão que, literalmente, correr pelas suas vidas, enquanto lhes são disparadas flechas e pedras. Mesmo gravemente ferido, embrenha-se na selva, seguido por um grupo de guerreiros. Daí, até recuperar a mulher na gruta é um bom exercício de adrenalina. Com a família reunida, procura um novo começo.
Pior que as dificuldades porque passa o guerreiro maia é a triste constatação da chegada dos espanhóis à América, o que pode ser visto como um verdadeiro apocalipse para os índios que até então reinavam absolutos neste paraíso tropical. O fim dos tempos começava ali.
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