Com estas fotos – parte de um trabalho que mereceu exposição individual em junho de 2013 –, a repórter-fotógrafa Amanda Tinoco dedicou-se a um tema que desde sempre inspirou artistas, poetas e músicos, em particular, e, sem distinção de gênero, raça ou status, leva à contemplação: o corpo. Investigar, descobrir contornos, curvas, subidas e descidas, e transpor para a película cada detalhe, permeado de sensações e emoções contidas, foi o desafio que Amanda se fez.
"Usei uma câmera digital, nada mais. Brinquei com a pele das modelos. Preocupei-me em retratar de forma nítida traços da pele com a delicadeza do modo de ver através de uma câmera analógica. Sem Photoshop, é bom frisar. E atrelado a isso, eu queria um clima descontraído e de contrastes. Uma das locações é a fábrica Ypu que foi escolhida por ser um lugar belíssimo, de construção antiga e, ao mesmo tempo, bagunçado e cheio de entulhos. A ideia deste trabalho foi expor meu lado artístico e contemporâneo, com ênfase na textura da pele e na beleza da mulher em meio à barafunda daquele cenário”, revelou Amanda, que também usou uma casa em Mury, e as modelos Grazi Pinheiro e Isabelle Ferreira.
"Não é somente o diabo quem mora no detalhe. O todo também pode se esconder na curva da insignificância. O mínimo, aquilo que o olho vê e não capta, revela o máximo de significado. É necessário prestar atenção no detalhe, na palavra não dita, no gesto desnecessário, no sorriso que escapa, na lágrima que se oculta. É exatamente neste local que a verdade se esconde: tão perto dos olhos, tão longe da compreensão”, escreveu Gustavo Melo Czekster, em seu blog
Desenhar, esculpir, pintar, fotografar, versar, cantar. Esboços de corpos, humanos e de animais, utensílios, ainda hoje podem ser apreciados em traços rupestres incrustados nas cavernas. Estão lá, indeléveis, desde tempos imemoriais. São inúmeras as formas de expressar a vida. Sobre escultura, em particular, de Berniini, escreve Gustavo Melo, a seguir:
"Impossível não reparar na extraordinária perfeição do corpo feminino. A curva dos braços, o ângulo do pescoço, as pernas fortes, todos os detalhes revelam a respiração da pedra. Assim como uma boa foto, a escultura mais marcante é aquela que eterniza um suspiro no ato exato de abandono. A boa experiência estética precisa ser autorreferencial, e sempre pensei em ‘O rapto de Perséfone’ como o trabalho do artista de resgatar, do mundo das pedras, a imagem que mora nos seus sonhos. Neste contexto, aquilo que Bernini realmente revela é o artista sequestrando a beleza e trazendo-a à força para a realidade.”
Nada a acrescentar. Perfeito.
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