Discopédia - Um clássico que pegou seu lugar no futuro

Lucas Vieira
sexta-feira, 01 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Discopédia - Um clássico que pegou seu lugar no futuro
Discopédia - Um clássico que pegou seu lugar no futuro

A Dança da Solidão é um prato cheio para quem gosta do samba em seu estado mais tradicional. Em seu quinto disco, lançado em 1972, Paulinho da Viola apresenta várias vertentes do samba, misturando composições suas com extraordinárias interpretações de grandes sambistas e compositores brasileiros, ao longo das 12 faixas do álbum.

Além de instrumentos comuns no samba, como cavaquinho, violão e percussões como tantã e pandeiro, o disco, que tem os arranjos magistrais do premiado maestro Lindolfo Gaya, traz em algumas faixas linhas de sopro, como visto em "Meu Mundo é Hoje”, parceira do sambista Wilson Batista com José Batista, com o trompete e as flautas trazendo um recheio a mais ao som da faixa. Algumas faixas são mais dançantes, como "Papelão”, de Geraldo das Neves, e "Ironia”, comandadas pelo cavaquinho de Paulinho e pelo forte acompanhamento da percussão, e o clássico "Pagode do Vavá”, partido-alto que ilustra bem o significado da palavra pagode, que ainda não classificava o estilo musical que surgiria nas décadas seguintes.

Um outro lado do disco aparece com canções mais intimistas e melancólicas, como os sambas-canções "Duas Horas da Manhã”, de Nelson Cavaquinho e Ari Monteiro, e "Orgulho”, de Paulinho da Viola com Capinan. Sem contar a canção título do álbum, que consegue mesclar o tema triste da letra com uma batida de pandeiro contagiante e vozes que vêm completar a beleza de "A Dança da Solidão”.

Ainda vale destacar "Coração Imprudente”, choro que mostra a versatilidade de Paulinho como compositor, passeando por outro estilo musical, com destaque para o piano bastante evidente na introdução, e a interpretação de "Acontece”, do Cartola, música que se imporia sozinha, apenas com Paulinho ao violão declamando os versos desse grande poeta do samba, mas que consegue se sobressair ainda mais com a roupagem que o maestro Gaya dá a faixa, com notas tocantes do órgão e o acompanhamento da percussão. Dança da Solidão termina com "Passado de Glória”, um samba-exaltação de Monarco, homenageando a Portela, escola de samba que é paixão assumida de Paulinho.


A Dança da Solidão (1972)

Artista: Paulinho da Viola

Músicos: não creditado no álbum

Produção: Milton Miranda

Selo: EMI

Faixas:

01. Guardei Minha Viola

02. Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim)

03. Papelão

04. Duas Horas da Manhã

05. Ironia

06. No Pagode do Vavá

07. Dança da Solidão

08. Acontece

09. Coração Imprudente

10. Orgulho

11. Falso Moralista

12. Passado de Glória

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