Picolé, sorvete, gelado, sorbet, sorbetto, "popsicle”,
sorvete no palito.
Raspadinha, frozen.
Sorvete a quilo.
Sunday, banana-split, milk-shake, vaca preta, profiteroles, torta de sorvete, petit gateau.
Casquinha, cascão.
Sacolé.
Não importam as formas,
os nomes, os sabores, os tipos,
as misturas, as receitas ou
como são comercializados.
Para todas as idades, todos os povos, todas as classes sociais.
Seja a chique sobremesa
petit gateau ao popular sacolé.
Os sorvetes e picolés são irresistíveis no verão e...
até nas outras estações do ano.
Sorvetes e picolés: o aquecido mercado dos produtos gelados
"SORVETES – TODOS OS DIAS ÀS 15 HORAS, NA RUA DIREITA, Nº 44”
Este foi o primeiro anúncio de sorvete do Brasil. Foi publicado em São Paulo, no dia 4 de janeiro de 1878. Como não existia freezer ou geladeira, ou seja, não havia como conservar o sorvete gelado, este era preparado e comercializado imediatamente. Por isso era fundamental avisar a hora exata da fabricação.
Mas o sorvete chegou ao Brasil antes disso, em 1834, quando dois comerciantes cariocas compraram 217 toneladas de gelo que chegaram num navio dos Estados Unidos e passaram a fabricar sorvete com frutas brasileiras. A distribuição em escala industrial custou a se tornar realidade: só em 1941 foi instalada, no Rio de Janeiro, a U.S.Harkson do Brasil, cujo primeiro lançamento (em 1942) foi o Eski-bon. Logo depois veio o Chicabon. Quase vinte anos depois a Harkson mudou o nome para Kibon.
O início de tudo
Mas a história do sorvete remonta à China antiga, ou seja, mais de 3.000 anos atrás, quando era costume da população dessa nação misturar neve às frutas. Os árabes aprenderam e aperfeiçoaram essa técnica, passando a fazer uma calda gelada que eles denominavam sharbet, transformado, mais tarde em "sobert”, os famosos sorvetes sem leite dos franceses.
Dizem que Alexandre o Grande (na Grécia) e Nero (em Roma) não dispensavam sobremesas feitas com neve, frutas e mel. Mas quem impulsionou o costume de se degustar sorvetes foi Marco Polo, que, em 1292, levou do Oriente para a Itália o segredo do preparo de sorvetes, transformando essa iguaria em moda não só na Europa como, posteriormente, nos Estados Unidos, que passaram a produzir sorvetes em escala industrial.
Picolé: a delícia no palito
Todo mundo gosta de picolé, mas ele está sempre associado às crianças. E não é para menos: seu criador foi um menino de apenas 11 anos. Em 1905, numa noite muito fria, o norte-americano Frank Epperson – um garoto da cidade de São Francisco – esqueceu um copo de suco com uma colher no quintal. No dia seguinte, percebeu que o suco havia congelado, prendendo a colher ao bloco de gelo com sabor de fruta. A "invenção” foi um sucesso entre os amiguinhos de Frank, mas acabou sendo deixada de lado.
Aos 18 anos, Epperson se lembrou de seu feito de criança, o suco de fruta congelado e espetado, em uma festa. Resultado: a aceitação foi tão grande que o rapaz decidiu comercializar o invento. O primeiro nome escolhido para o que viria a ser o nosso picolé foi "eppsicle”, depois transformado em "pop’s sicle”, ou seja, "gelinho do papai”. O produto foi patenteado e os direitos vendidos, em 1925, para uma empresa de Nova York. Depois de mudar de dono várias vezes, a marca Popsicle se tornou uma das mais famosas dos EUA e Canadá.
Produto gelado, mercado aquecido
O sucesso dos sorvetes e picolés é tão grande no Brasil, que mesmo com a consagração de grandes marcas, os fabricantes menores têm se firmado e conquistado seu quinhão do mercado. A expansão das marcas regionais e do segmento premium vêm impulsionando o setor. O brasileiro também vem descobrindo os potes, que propiciam o consumo doméstico de sorvetes de massa.
Segundo a Abic – Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes – o consumo de sorvetes litros/ano no Brasil, no período de 2003 a 2012, cresceu 76,49%, sendo que no mesmo período, o consumo per capita teve um aumento de 62,56%. A produção de picolés, por exemplo, passou de 141 milhões de litros, em 2003, para 241 milhões de litros, em 2012.
Do bar do Seu Mário à sorveteria da praça Getúlio Vargas
Dificilmente quem viveu em Nova Friburgo nas décadas de 60/70 deixou de tomar um sorvete no bar de Seu Mário, na esquina da Rua São João (atual Rua Monsenhor José Antônio Teixeira) ou na Sorveteria Única, conforme conta a historiadora Janaína Botelho em seu blog História de Friburgo. "Seu Mário, no entanto, voltou para Portugal, morou em Angola, mas retornou para Friburgo, onde abriu o Bar Central. Bebia-se cerveja e comia-se pastel. Mas foi ele quem trouxe o chope para a cidade e consequentemente o delicioso bolinho de bacalhau, pelas mãos de sua eterna companheira, a também portuguesa Dona Alcina. Mas quem não se lembra dos sorvetes de abacaxi, pistache, ameixa, creme holandês, de fabricação caseira, que concorria com a Sorveteria Única, da família Ruiz.”
De lá para cá, muitas coisas mudaram na cidade, mas o hábito de consumir picolés e sorvetes permanece, mesmo com a brutal queda na época do frio. Quem passa na Praça Getúlio Vargas nos dias quentes não deixa de reparar na enorme fila que se forma numa sorveteria local, que vende produtos fabricados há quase 30 anos em Nova Friburgo.
"Eu e minha esposa trabalhávamos com doce, tínhamos depósito e vendíamos para o público. Comercializávamos sorvetes da Kibon também. Até que abriu um estabelecimento do Sorvete Sem Nome aqui e fomos trabalhar com eles. Tempos depois, a empresa foi fechada e compramos o maquinário, já velho. Iniciamos assim”, conta Sebastião Miler que, junto com a esposa Vera, foi o responsável pela inauguração da sorveteria Fribourg. "Os meninos (os filhos Cristiano e Ewerton) nem tinham nascido. Eles cresceram com o sorvete e hoje estão com a gente, desenvolvendo o negócio. Atualmente, temos 22 tipos de picolés, 48 de sorvetes e 700 pontos de venda em várias partes do Estado do Rio”, diz o empresário.
Deixe o seu comentário