Cores e sabores das feiras

Uma tradição milenar que continua sedutora
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Cores e sabores das feiras
Cores e sabores das feiras

O hábito de ir às feiras é bem antigo. Dizem que vem lá dos anos 500. Ah, 500 antes de Cristo, bem entendido, e provavelmente no Oriente Médio, quando mercadores de diversos locais se reuniam para comercializar seus produtos.

O fato é que as feiras não morrem. Se modernizam, é claro, mas continuam sendo uma atração pelo mundo afora. 

Das feiras livres em que compramos nossos produtos da semana até as mais sofisticadas, tem para todos os gostos e bolsos. Feira de automóveis, de móveis, de imóveis; feiras de artes, de artesanato, de objetos usados, de objetos raros. Tem a de Caruaru e a nossa Fevest, tem a Portobello, em Londres, a de San Telmo, em Buenos Aires. E quem não se lembra da Companhia Brasileira de Alimentos, ou mais claramente, Cobal, que no Rio de Janeiro é mais do que um bom lugar para comprar verduras e legumes: se transformou em point, lotado de barzinhos e gente ávida por uma boa conversa e um chope gelado.

As feiras são tão importantes que seduziram músicos que as retrataram em belas canções. Já fez parte até do carnaval carioca, com o enredo "Moça Bonita Não Paga...”, da Caprichosos de Pilares.

Em Nova Friburgo não é diferente. As feiras estão sempre cheias de gente e de produtos de todos os tipos. Seja a de Olaria, do Bairro Ypu ou a do Mercado da Vila Amélia, a Coopfeira. Uma matéria sobre esta última, com belas fotos de Regina Lo Bianco, foi a maneira que encontramos de homenagear, no caderno Light, esta milenar atividade, tão importante em todas as épocas e todos os países. Principalmente aos que as mantêm, com muito trabalho e dedicação. Então, conheça mais sobre o assunto nesta edição. 

 



Um pouco de história das feiras

É provável que a feira tenha nascido na Fenícia, em Tiro – antiga civilização cujo centro se localizava no norte da antiga Canaã, ao longo das regiões litorâneas dos atuais Líbano, Síria e norte de Israel. E faz sentido. Os fenícios eram grandes mercadores e se aventuravam em longas viagens, por terra e mar, para comercializar seus produtos e adquirir novidades. Mesmo na era cristã, essa cidade conseguiu manter sua importância comercial. A história da feira, por sinal, está ligada intimamente às festividades religiosas. A palavra "feira” vem do latim "feria”, que significa "dia santo”.

No Brasil, as feiras surgiram em meados do século XVII. Espalhadas por todo o país, hoje elas mantêm a tradição de oferecer uma variedade enorme de produtos. Estão presentes em quase todas as cidades. Algumas se tornam até atração turística, como a Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e a de Caruaru, em Pernambuco.

 

 


Em Nova Friburgo

Sendo grande produtor de legumes, verduras, frutas e flores, Nova Friburgo tem a vantagem de ter feiras bem variadas, com mercadorias fresquinhas do próprio local. Mas se as de Olaria e Bairro Ypu – a céu aberto – mantêm tradições de décadas, a da Vila Amélia vem se modernizando.

"Nosso objetivo é evoluir sem perder a identidade”, diz Flamínio Spreafico, presidente da Coopfeira – cooperativa que administra o local. "Queremos atrair vários públicos e, para isso, já começamos a desenvolver alguns projetos e ações para envolver o cliente”, conta, citando como exemplo o "Mãos na Massa”, um workshop culinário que há dois anos tem levado ao Mercado da Vila Amélia profissionais e amantes da gastronomia, produtores e um público que não costumava ir ao local. "Nossa intenção é participar dos festivais de Morango e da Truta, além de promover oficinas, como o de aproveitamento de alimentos, para os próprios feirantes”, diz Flamínio.

 

 

 


A Feira na Música

A feira também seduz muitos músicos, principalmente os do Nordeste, onde essa atividade faz parte da maioria das cidades. Veja dois exemplos:


 

Fumo de rolo arreio de cangalha, 

eu tenho pra vender, quem quer comprar

Bolo de milho broa e cocada, 

eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pé de moleque, alecrim, canela

Moleque sai daqui me deixa trabalhar

(Feira de Mangaio, de Sivuca e Glorinha Gadelha)


Tem loiça, tem ferro véio, sorvete de raspa que faz jaú,

Gelada, cardo de cana, fruta de paima e mandacaru.

Bunecos de Vitalino, que são cunhecidos inté no Sul,

De tudo que há no mundo tem na Feira de Caruaru

(A Feira de Caruaru, de Luiz Gonzaga e Onildo Almeida)

 

Feira no Cordel

Quem vai ao Nordeste sabe: um dos programas obrigatórios são as feiras e mercados populares. De artesanato, de comidas, de bugigangas. E de cordel. Não tem feira no Nordeste que não tenha cordel e não tem cordelista que já não tenha falado de feira. 


Na feira de artesanato

Tem tudo o que se imagina

Tem rede, tem cabide,

Tem remédio pra angina

Tem toalha de renda,

Tem animal de fazenda

Na loja da Dona Regina


Feira no samba

Com este samba-enredo, a Caprichoso de Pilares foi campeã do grupo B1 em 1982. Ele é um resumo bem-humorado das feiras livres do nosso dia a dia.


Moça Bonita Não Paga...


(Ratinho) 


Vamos homenagear 

A feira livre e o mercado popular 

 (e o dito popular ) 

Quando vem o amanhecer

Um pouco antes do sol nascer

A feira livre está pronta

E nela desponta a cabrocha Lili (...)


Compra peixe, Lili, compra peixe, Lili

Já é meio-dia, de bolsa vazia não pode sai

Tem zoeira, tem zoeira

Hora de xepa é final de feira

 

 


O eclético Mercadão da Vila Amélia

Legumes, verduras, frutas. 

Pastel de carne, pastel de queijo. Caldo de cana. 

Compotas, queijo minas direto de Valão do Barro. 

Biscoitos amanteigados, geleias, milho, truta. 

Temperos, carne de porco, peixe. 

Pimenta "da forte”, pimenta fraca. 

Farinha de mandioca, farinha de milho. 

Empadinha, coxinha, refrigerante e cerveja. 

Abacaxi de Marataízes, morango de Campo do Coelho, 

cogumelos frescos. Flores e ovos. Bolos e pães caseiros. 

Workshops gastronômicos. 

Tem até sushi, shitake, defumados, azeites e vinhos importados. 

E lindas peças de cerâmica.

Esta é a Coopfeira, o Mercado Central da Vila Amélia. O Mercadão.

 

Fortes ou fracas, as pimentas dão sempre um colorido especial aos ambientes

 

Até o trabalho de talentosos ceramistas é encontrado na Vila Amélia

 

Que tal um delicioso pão caseiro?

 

 

 Eclético, o Mercado da Vila Amélia oferece até castanhas e massas


Até comida japonesa se encontra na feira: sushis e sashimis feitos na hora

Queijos e goiabadas se juntam às hortaliças 


Quem resiste às deliciosas compotas, tortas e doces cristalizados? 

 

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