Gosto desse universo de detalhes e pormenores.
Da tinta que escorre marcando aquele momento,
do arranhado que não se esconde,
das aberturas que convidam a entrar,
do cheiro da tinta,
da textura,
das linhas e das cores.
Gosto de tudo! São meus registros.
Mas o que me fascina são as possibilidades de interpretações
e sentimentos que podem despertar nos outros.
Esse é o texto que o artista plástico Cacau Rezende escreveu para a abertura da exposição "Registros”, que se encontra na Usina Cultural Energisa desde o dia 15 de agosto.
Pintando há cerca de 20 anos, mas artista desde criança – fazia seus próprio brinquedos e até os dos coleguinhas –, Cacau conta que as obras apresentadas nessa mostra exigiram um bom tempo: "Foram dias e noites de trabalho, pensando, fazendo e refazendo. Momentos que nunca se perdem, apenas se transformam, intensos, que passam do sublime ao terror. Momentos mágicos que me permitiram experimentar de tudo, fazer qualquer coisa. Mas, como disse Duchamp, eu penso”, afirma ele. "Tem um momento no trabalho em que tudo se dispõe de tal forma que provoca uma intensa perturbação dos meus sentidos. É nesse instante que finalmente posso dizer: está pronto!”
Com obras que podem se definir como "artes abstratas”, Cacau diz que este conceito não o impede de "representar objetos próprios de nossa realidade” e conta que o processo criativo para realizá-las compreende duas fases: "o que fazer” e "como fazer”. "Embora distintas, não deixo que se distanciem demais uma da outra”, ressalta Cacau, dizendo que a fase "o que fazer” é estruturada por pesquisa, que, por exemplo, pode ser através de um tema religioso, político ou pessoal. "Esta fase pode ter início com ou sem o meu controle, entretanto, não tem como continuar se em determinado momento eu não tiver seu controle total.” Já o "como fazer” é, segundo ele, totalmente desenvolvido de forma experimental até que ele consiga um meio de traduzir exatamente o objetivo pensado. "As técnicas desenvolvidas por mim fazem parte do meu processo criativo. No momento estou trabalhando dentro de uma pesquisa sobre questões urbanas e pessoais. Eu chamo de meus registros”, conta o artista, finalizando: "Para mim, a parte mais difícil e sofrida de todo o processo criativo é a busca do original, o ‘número 1’”.
Em Programe-se! você pode saber mais detalhes da exposição "Registros”.
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