Carlos Emerson Junior
A recente decisão da Prefeitura do Rio de multar quem for flagrado jogando lixo nas ruas quase não provocou polêmica entre os cariocas, indicando que temos noção que o desonroso título de nona cidade turística mais suja do mundo se deve e muito a nossa completa falta de civilidade, educação e respeito ao próximo.
A punição vai doer no bolso dos porcalhões: “para resíduos pequenos, que tenham tamanho igual ou menor ao de uma lata de cerveja, a multa é de R$ 157. Para resíduos maiores que uma lata de cerveja e menores que um metro cúbico, o valor sobe para R$ 392. O que for descartado de forma inadequada com tamanho acima de um metro cúbico custará ao infrator R$ 980.”
Até os turistas entrarão na fiscalização e a multa será vinculada ao seu passaporte. Aliás, para ser justo, o problema com o lixo não é exclusivo dos brasileiros, deve ser algum defeito de fábrica do chamado (talvez impropriamente) “homo sapiens”. Todos, em algum momento, descartam alguma porcaria nas ruas, em qualquer cidade do mundo!
Não por acaso, São Paulo e Porto Alegre, por exemplo, possuem leis draconianas, com multas que podem chegar a até R$ 14.325,00! Singapura, no Sudeste Asiático, chega ao cúmulo de prever chibatadas no reincidente ou em caso de vandalismo. Em Paris, uma guimba de cigarro no chão custa 35 euros (80 reais) e, em Londres, um simples chiclete vale 80 libras (240 reais). O bom exemplo vem do Japão, onde a limpeza é um traço cultural e alguns bairros de Tóquio sequer têm lixeiras nas ruas.
No caso carioca, o problema atingiu números dramáticos e vergonhosos. Segundo a Comlurb, em 2012 foram gastos mais de 600 milhões de reais para recolher das ruas, praias, encostas e outros lugares do Rio de Janeiro, onde não deveria haver lixo nenhum, inacreditáveis 1.225.690 toneladas de resíduos, o equivalente a três estádios do Maracanã repletos de lixo. Quem viu a imundície que restou na Praia de Copacabana após o Réveillon sabe o que estou falando.
Não sei se as multas vão dar certo ou sequer se são legais, mas alguma coisa tinha que ser feita, ou vamos mostrar para o mundo, já na Copa das Confederações, em julho, que a Cidade é Maravilhosa apenas nas fotos.
*****
Já a nossa querida Nova Friburgo, apesar das turbulências, ainda é uma cidade limpa, pelo menos na perspectiva de quem veio da capital fluminense. Infelizmente, de alguns anos para cá não tenho gostado nada do que tenho visto. Ruas e praças sujas, lixo descartado fora do horário de coleta, pneus e esgoto dentro dos rios ou nas matas, que tomam conta e limpam o ar que respiramos.
O responsável pelo nosso lixo, antes de mais nada, somos nós mesmos! Não é justo, saudável ou civilizado jogá-lo nas ruas, mesmo que seja uma simples embalagem de bala. Custa alguma coisa caminhar até a próxima lixeira para descartá-la? Aprendemos, desde crianças, que o lugar do lixo é na lixeira, simples assim. Outro dia desses tinha um sofá dentro do Rio Bengalas, cena que me encheu de horror. E a nossa segurança?
Se mantivermos uma postura consciente e ativa, fazendo a nossa parte, Nova Friburgo continuará sendo uma cidade bonita, asseada, bem cuidada e, por que não, perfumada. De nada adianta ter um serviço de coleta de lixo e garis a postos nas ruas se não colaborarmos. Vamos combinar que seria um vexame enorme ser obrigado a recorrer às multas, como o Rio de Janeiro, não é mesmo?
De qualquer maneira, não custa nada finalizar esse artigo relembrando algumas dicas básicas para manter nossa cidade nos trinques: fique sempre atento aos dias e horários que o caminhão de lixo passa no seu bairro; coloque o lixo pouco antes de o caminhão passar e nunca jogue o lixo em terrenos baldios, encostas, bueiros, canaletas, matas rios e nascentes. Qualquer dúvida sobre descarte de entulhos ou irregularidades, entre em contato com a Prefeitura.
Nova Friburgo agradece.
Carlos Emerson Junior
carlosemersonjr@gmail.com
Deixe o seu comentário