Peço: roube-me e não me devolva nunca mais! Suplico: venha-me sem pudor porque meus olhos se perderam no seu olhar doce e sereno, no seu sorriso que me mostra a alma leve que voa para os meus pensamentos e me trazem você nas suas notas musicais.
Será que o amor chegou à minha vida? O trem do destino me traz a sorte nos seus sentidos e anuncia que envelheceremos juntos na calmaria do campo naqueles breves intervalos das multidões da cidade grande.
Roube-me, beije-me, queira-me. Doe-se, jogue-se, leia-se. Percamos-nos, abracemos-nos, amemos-nos. Rendamos-nos ao que não se dá mais para separar. Minhas mãos estão nas suas, e, seu coração já está todo no meu.
Salve-me de mim mesmo que te mostro os perigos da vida e os pecados que valem a pena! Você é minha religião e traz tranquilidade em paz festeira. Somos verdade sem medo. Somos perguntas que respondemos juntos. Que desafio poderá nos vencer? Que costura que fizermos juntos poderá descoser?
Sou eu agulha e você linha no tecido que é o amor.
Estampa sonhos na composição que o tempo faz e desprende o temor do que treme. Minha história na sua, seu barquinho no meu mar. Você minha consciência permanente que designa perdões futuros a inexistência. Quero com meus defeitos ser perfeito para você. Quero que você me queira sem eu precisar inventar armaduras, desejos ou mesmo espera surda-muda do que pode me dar. Vou perder a hora de vez em quando, mas farei surpresas para arrancar-lhe suspiros. De resto, não lhe prometo nada além de falta de chão ou de todo o território de Marte. Sonhemos na viagem de nós dois... Flutuemos nos pensamentos que tornam a existência mais agradável... Acende a luz para não despertar! Previsível é minha imprevisibilidade – confesso. Possível é minha impossibilidade em não escolher-te. Quero roubar-te para mim!
Aflora o sentimento e deixa-se levar... Para que entender daquilo que basta compreender? Estendo as mãos e suplico de novo: venha-me entregue para viver agora o que não se pode esperar amanhã. Fique. Eu estou aqui. Eu quero ficar aqui. Ajudar o destino a cumprir aquilo que foi preparado para nós. Posso construir a ponte até você para que seja permanente o nosso encontro, mas se por algum motivo ele for interrompido que aja a ponte para cada reencontro. Encontrarei você, porque já não dá para desperceber essa luz que traz no angelical rosto de quem ensina os pássaros a cantar.
Propõe roubar-me para ti. Cumpra. Roube-me. Serena-me. Roube-me e leve-me para a chuva. Roube-me e leve-me para a lua. Roube-me e leve-me por todos os dias de todos os meses de todos os anos... Deixa-me roubar-te para mim também. Prometo. Roubar-te e levar-te para a dança. Roubar-te e levar-te para a loucura. Roubar-te e levar-te para a intensidade que encontra a felicidade na simplicidade de cada estação, no anseio de cada instante...
Despejarmos-nos na rede da varanda. Presentearmos-nos com mimos de prateleira. Escrevamos-nos cartas e crônicas. Vamos atravessar o sol e riscar no céu os caminhos dos meteoros e do Cometa Halley. Estaremos lá em 2061 vendo-o passar pela primeira vez perante nossos olhos para comprovar a insistência do nosso querer.
Quero-te, salva-me, amemos-nos. Você é agulha, sou tecido e juntos somos amor.
Descobriremos a força, mas fortalecer-nos-emos mesmo é no sentimento. Seremos música com poesia. E se o violino soar saberei onde meu coração está! E se a voz calar saberá no ar que seu nome falo com a devoção dos dramáticos que não esquecem que são motivados por paixões que o resumem. Talvez eu me resuma a você! Porque quero roubar-te para mim na mesma proporção que diz que quer roubar-me para si! Suplico que o amor roube-nos para ele e junte-nos nesse espaço-tempo infinito de nós dois.
Que o amor roube-nos e não devolva-nos nunca mais.
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