Dirmar de Cayret (*)
Os estudantes brasileiros de todos os níveis estão desacostumados com o habito da leitura e os computadores assumiram o papel de fonte cultural para o aprendizado e até para a formação profissional. O resultado é a canhestra comunicação oral dos jovens, de reduzido vocabulário e do uso abusivo de gírias e modismos. As horas passadas frente à telinha do computador são as respostas à exigência de que estudem mais formuladas por pais e mestres. Além de fácil a informática apresenta, a um simples dedilhar das teclas as soluções para os mais intrincados problemas de física, química, literatura e gramática. Não há mais necessidade de se debruçar sobre os compêndios e alfarrábios para a pesquisa cultural e neste novo modo de estudar desaparece a pesquisa, a metodologia do aprender e perde-se em Cultura o que se ganhou em tempo e velocidade.
Uma pesquisa realizada para o Instituto Pró-Livro indicou a estarrecedora cifra de 75% dos brasileiros que nunca foram a uma biblioteca e sequer sabem a localização de uma. O pior foi o fecho indicando que os que têm o habito da leitura não ultrapassam quatro (4) livros por ano.
É preciso assinalar que a Cultura não é uma das prioridades deste ou dos governos anteriores e praticamente todos os projetos do Ministério da Cultura estão reduzidos a projetos no papel que dependem de verbas para sua agilização e estas foram cortadas em nome do enxugamento da máquina pública realizado anualmente. Aumenta-se de um lado (nomeações, supersalários, assessorias, cargos de confiança) e corta-se de outro (Cultura, Saúde, Educação, Saneamento, Segurança. Transportes etc) e a explosão demográfica vai tomando o Brasil um país de semialfabetizados onde até os profissionais liberais, com curso superior (?) tem dificuldade em se expressar oralmente ou por escrito;
O preço do livro é outro entrave à sua popularização. Corpo pretender que a maioria da população que recebe salários baixos que mal atendem as necessidades básicas que comprar um livro significa ter que cortar em outro item das despesas mensais? O Brasil não é o paraíso das editoras e vez por outra assistimos à falência das grandes e o simples desaparecimento das pequenas impossibilitadas de lutar contra as dificuldades do setor. Sendo a sexta economia do planeta é preciso adotar uma política de incentivo às editoras, grandes e pequenas, propugnar pela instalação de bibliotecas públicas nos municípios e incentivar a leitura entre os que frequentam salas de aulas. Já passou da hora ...
(*) jornalista em Brasília
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