Bonitas, magras e saudáveis: programa de cirurgia bariátrica opera mais mulheres

Desde 2010, quando foi lançado, 70% dos pacientes são do sexo feminino
sexta-feira, 22 de março de 2013
por Jornal A Voz da Serra

O Programa de Cirurgia Bariátrica do Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC) tem um grande número de mulheres esperando por uma consulta pré ou pós-operatória. Desde seu início, em 2010, 498 cirurgias foram realizadas, sendo 344 em pacientes do sexo feminino e 127 em pacientes masculinos. Um percentual de 70% formado somente por pacientes mulheres. Na sala de espera as histórias são diversas: de luta contra a depressão, resgate de valores, autoestima, da feminilidade e de superação após a cirurgia.
A obesidade é um problema de saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, a proporção de pessoas acima do peso no Brasil avançou de 42,7%, em 2006, para 48,5% em 2011. No mesmo período, o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8%. No Estado do Rio de Janeiro, 17,2% das mulheres estão obesas, média maior que a nacional e maior do que a porcentagem de homens, que é de 15%. E os motivos são diversos: hábitos alimentares desregulados, falta de exercícios, doenças como diabetes e até mesmo emocionais.
Livrar-se dos muitos quilos a mais dá às mulheres outra qualidade e estilo de vida. Das 344 mulheres que participaram do Programa de Cirurgia Bariátrica, 62% voltaram ao mercado de trabalho depois de muitos anos desempregadas por conta do excesso de peso. A volta da autoestima faz com que muitas comecem um novo relacionamento ou reatem os antigos. Além disso, 85% das pacientes melhoraram o desempenho sexual depois da cirurgia. Coisas simples, como andar em transporte público, que parecia um suplício para algumas pacientes, hoje não é mais problema e 100% delas relatam melhora nesta questão.
Para o coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica, o médico Cid Pitombo, a alta procura de mulheres pelo programa se deve à estética e à preocupação que a mulher tem em cuidar da saúde. “A mulher se incomoda mais com a obesidade. O homem de 120 quilos acha que está ‘gordinho’ e a mulher neste peso acha que está muito obesa. E a procura é muito maior. A mulher está mais ambientada em se tratar. O homem geralmente demora muito para procurar um médico. E a mulher desde jovem vai ao médico, vai ao ginecologista desde cedo, enfrenta as dores do parto, ou o pós-operatório de uma cesariana”, diz.
SAÚDE É O MAIS IMPORTANTE - Na sala de espera, Suramaia da Silva, 31 anos, aguarda mais uma consulta de rotina com o nutricionista do programa. Acostumada a comer fast food, Suramaia chegou a pesar 120 quilos e teve que mudar radicalmente seus hábitos alimentares após a cirurgia. “Mesmo gostando muito de comer, decidi operar visando meu bem-estar e minha saúde. Aos 30 anos descobri que estava com diabetes e isso me preocupou muito. Entrei para o programa e fiz a cirurgia. Hoje a minha saúde vai muito bem, já perdi 20 quilos em menos de dois meses e isso é o mais importante para mim”, destaca a dona de casa.
A copeira Claudialucia Cunha, 45, ficou 15 anos fora do mercado de trabalho por conta da obesidade. “Eu cheguei a pesar 170 quilos. Hoje peso 71, trabalho e tenho outra vida”, conta. 
Casada e com um filho, Adriana decidiu operar depois que o marido reclamou sobre sua postura. “Ele disse que eu só sabia comer e dormir, que eu era um caso perdido”, conta. Sem autoestima, ela decidiu realizar a cirurgia depois que, com 140 quilos, não conseguiu levantar da cama. Hoje, com 78 quilos e em boa forma, Adriana mostrou ao marido que não era um “caso perdido”. Ela frequenta academia, cuida do corpo e se sente muito mais bonita. “Meu marido e meu filho sentem ciúmes quando saem comigo”, garante, feliz. 
Cerca de 70% das pacientes que fazem a cirurgia bariátrica no programa do estado têm somente o ensino fundamental. Tal número reflete na média salarial da família das pacientes que participam do programa - R$ 930. “Sinal de que estamos atingindo pessoas que realmente precisam”, destaca Cid Pitombo.
SEM FILA DE ESPERA - Mulheres que desejam realizar uma cirurgia bariátrica no programa do estado devem procurar o atendimento ambulatorial mais próximo de casa para que um médico faça a primeira avaliação, verificando se a cirurgia é necessária ou não. Se a operação for indicada, o médico solicita uma segunda avaliação para a Central de Regulação de Cirurgia Bariátrica do estado, que encaminha o pedido de forma on-line ao HECC. O paciente é contatado e tem uma consulta de avaliação marcada. E, importante: não há fila de espera.
O paciente que tiver índice de massa corpórea dentro do indicado (maior que 40kg/m² ou maior que 35kg/m² quando associado a fatores de co-morbidade, como hipertensão e diabetes, entre outros), que preencham os pré-requisitos do Ministério da Saúde e não tiverem doenças graves associadas, são avaliados, preparados e operados. A equipe do médico Cid Pitombo também acompanha todo o pós-operatório especializado, com orientações de nutricionista, psicólogo e avaliação periódica pelo cirurgião.

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