De bem consigo mesmo

sexta-feira, 22 de março de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Thereza Freire Vieira (*)

Para se viver bem consigo mesmo, é importante ter essa confiança, A maioria das pessoas, com predominância dos que envelhecem, querem despertar interesse e compaixão na outras pessoas e de um modo especial entre seus familiares. Acham que, falando das suas doenças, dos seus problemas, sentindo-se as mais infelizes das criaturas, estarão despertando o interesse das que as ouvem. A pior coisa que pode acontecer é perguntar para essas pessoas como estão se sentindo. Vão desfilando minuciosamente um rosário de malsucedidos, de sintomas, de doenças. Esquecer-se-iam um pouco de seus problemas se pensassem nas outras pessoas que sofrem muito mais, porém, isso nunca seria possível, pois sempre acharão que sofrem mais que o resto da humanidade. Não adianta contemporizar, esses idosos são persistentes, e continuam a sua ladainha interminável. 
Não querem compreender que são cansativos, que estão saturando a família com suas queixas e com o seu pessimismo. Não seria melhor se procurassem ajuda de um psiquiatra ou psicólogo? Podem ser vítimas de depressão e de muito seriam aliviadas com acompanhamento especializado e se necessário “com antidepressivos”. 
A maioria dessas pessoas pessimistas, a quem nada causa alegria e que não suportam um ambiente barulhento, com crianças e adolescentes, deviam pensar que, se, não mudarem, se não ficarem de bem com a vida, vão constituir-se em um peso pesado para os seus cuidadores, sejam parentes, filhos, netos ou profissionais contratados, num futuro não muito distante. 
A reeducação é importante em qualquer idade e a vida seria muito melhor para ela e as pessoas que com ela convivem. 
Há os que vão fazendo uma corrente, amarrando a ponta de uma lembrança infeliz à outra de tal maneira que não conseguem desatar. Sofrem e levam ao sofrimento todas as pessoas de seu convívio. Será que tiveram apenas momentos ruins? Deixaram passar os momentos felizes sem se darem conta e ficam curtindo o que deviam ter jogado na lata do lixo e colocado sobre ele a tampa.

(*) médica geriátrica e escritora, colaboradora de jornais e revistas

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