Os Focas - 02/03/2013

Andando por aí distraída quando, de repente, uma encruzilhada. Poxa, a vida seria tão mais simples se só houvesse linhas retas! Tá, eu toleraria uma esquina ou outra, a gente dobra. O problema são as bifurcações que obrigam a escolher um caminho. Parada aqui no cruzamento, feito um despacho, enquanto não decido se viro ou vou em frente, avalio calmamente a situação da estrada.

Neste imenso labirinto que é o mundo, pontos de virada são inevitáveis. De repente, outra direção reconfigura o que se conhecia até então. Lá vou eu, em uma nova ideia, novo acontecimento, nova ação, em um novo plano, em um novo novo.

Mas nem sempre a opção por uma nova rota é benéfica, pois o novo padrão, eventualmente, poderá ser aquele que culmina, justamente, na deterioração da própria trajetória. Por isso algumas decisões são sempre tão difíceis. Para cada curso de ação que se escolhe, sorteia-se, lá na frente, um cartão de sorte ou revés. E os dados, meu amigo, não rolam para trás.

Os pés coçam para um novo passo e não há como ser ainda mais hesitante. Afinal, enquanto alguns caminham ao meu lado outros tentarão passar à dianteira, e eu não quero ficar atrás neste pódio. O coração acelera na ciência da decisão por um caminho. E por mais angustiante tenham sido as escolhas, não são elas mesmas que fazem o coração pulsar?

Depois de uma lista com one-hit-wonders, decidi fazer uma só com hits “vergonha alheia”, aquelas que a gente ama, mas evita escutar em público. Macarena? Ice Ice Baby? Dança do Rala o Pinto? Tem tudo aqui, pena que não dá para colocar os vídeos de gente dançando tudo isso no melhor estilo “SE constrange, ME constrange” que tem no YouTube.

Los Del Rio – Macarena: Vai dizer que você não dançou? Negue até a morte, mas em alguma festa de família ou em algum momento de descontração com os amigos, “só para zuar”, você dançou. Triste, não? Mas é verdade.

Vanilla Ice - Ice Ice Baby: Esses dias estava lá a Britney Spears rebolando ao som desse hit dos anos 90 num programa de TV americano quando alguém resolveu fazer um cover. Eu culpo Glee pelo ressurgimento dessa música.

Zé Paulo – Rala o Pinto: Procure “Dança do Rala o Pinto – Porto Seguro 1992” no YouTube. Sem mais.

Right Said Fred – I’m Too Sexy: O grupo formado pelos irmãos Richard e Fred Fairbrass e pelo guitarrista Rob Manzoli ainda existe! E outra: antes de formar o grupo, os irmãos Fairbrass tocaram com Bob Dylan, David Bowie e Mick Jagger.

Toni Basil – Mickey: O hino cheerleader é uma regravação de outra música chamada “Kitty”, mas a cantora preferiu mudar o título e a letra para um protagonista masculino. Recomendo ver “Os Enjaulados” para nunca mais esquecer o refrão.

Van Halen – Jump: Hard rock com sintetizador não pode dar certo. Aliás, pouca coisa funciona com sintetizadores. Vide a próxima música da lista.

Europe – The Final Countdown: Acredite ou não, foi parcialmente inspirada na belíssima “Space Oddity”, de David Bowie. De que adianta boas influências sem ter sabedoria para usá-las, não é mesmo?

Billy Idol - Cradle of Love: Billy Idol é uma figura tão caricata que ficou brega. Por consequência, suas músicas, por melhores que sejam, acabam ficando meio cafonas também. Sem contar que o cara é a maior inspiração do Supla.

MC Hammer – U Can’t Touch This: A maldição da calça saruel começou com MC Hammer em 1989. Sampleou uma música legal do Rick James, tomou um processo milionário, virou evangélico, voltou pro hip-hop e no ano passado lançou um CD novo.

Ricky Martin – Maria: Acho que dá para classificar a discografia completa do Ricky Martin como “vergonha alheia”, mas isso não vem ao caso. Esse clássico pop latino dos anos 90 foi tema de abertura de uma novela do Miguel Falabela e isso já é argumento suficiente para estar nesta lista.

Quem? Hazel McCallion

Nasceu: Port Daniel, Quebec, 14 de fevereiro de 1921

Morreu: Até o fechamento desta edição, não

Com 92 anos Hazel é prefeita da cidade de Mississauga, Ontário, no Canadá. Ela ocupa este cargo há 34 anos, tendo sido reeleita por 12 vezes consecutivas desde 1978. Sua última reeleição aconteceu em 2010 e não costuma fazer campanha política durante o período eleitoral. Ela não distribui panfletos, não faz comícios e pede para que as doações sejam feitas a instituições de caridade em vez do partido. Teve 16 oponentes na última eleição, mas venceu com cerca de 76% dos votos. Foi apelidada carinhosamente de “Furacão Hazel” por seu estilo político de não tolerar futilidades.

Ela nasceu num vilarejo que virou a cidade que hoje governa, mas antes mesmo da oficialização do lugar, que só ocorreu em 1974, ela já atuava na vida política como oficial administrativa. Hoje, ela comanda uma cidade com mais de 750 mil habitantes e que não possui débito, mas cerca de 700 milhões de dólares na reserva. A pequena Mississauga também se tornou, durante seus mandatos, a sexta maior cidade do Canadá.

Um ano após ser eleita pela primeira vez, Hazel passou por um teste difícil. Um trem com carregamento de gases tóxicos explodiu próximo a sua cidade e ela ajudou a evacuar calmamente e com segurança cerca de 220 mil habitantes. Ela torceu o pé durante os trabalhos, mas continuou ajudando os moradores da região. Anos mais tarde, sua cidade seria considerada a mais segura do Canadá.

Em 2003, ela foi atingida por um caminhão. Machucou o cotovelo, o tornozelo e o quadril, mas continuou trabalhando normalmente. O caminhão, no entanto, precisou de reparos. Já em 2006, ela bateu seu carro em um poste, saiu dele sozinha e no dia seguinte já tinha voltado a trabalhar.

Hazel também sobreviveu a oito primeiros ministros do Canadá, já jogou hockey profissionalmente e, apesar da idade, ela cuida da própria casa, faz compras, cuida do jardim e dirige.