Palavreando - Convite

Por Wanderson Nogueira - wandersonnogueira@gmail.com
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Foi despretensioso o primeiro convite. O primeiro cumprimento, o primeiro contato mais próximo, a primeira conversa... Mas após o primeiro olhar não podia imaginar tamanho tumulto. Confusão que gera combustão. Chacoalhada que desperta o que havia esquecido, adormecido. Faz tempo que não sentia nada parecido. Voltei à adolescência? Estou perdido? Será que me achei? Sou bobo, sou tolo, sou louco, e, ainda bem que só os loucos são felizes!
Eu quero participar da sua vida e não precisa me convidar! Eu mesmo me convido para os seus dias e prometo transformá-los. Porque a força que me leva até você é a mesma que me trás toda a inspiração para escrever coisas que jamais teria coragem de dizer! Eu posso! Eu vou! Roubar seu coração para te salvar dele. Trucidar seu calculismo e te apresentar o mundo das emoções repletas de razões. Ser seu melhor amigo e mais...
Fazer virar lenda o que há entre nós, longe da pretensão de ser mais um desses mitos que se fazem heróis por suas tragédias. Somos segredos, mas do segredo somos repletos de verdades. Quero trazer você para perto de mim!
Sua alma velha e meu espírito jovem podem tanto que nem sei... Não sei se cuido de mim ou de você para fazer nós dois.     
Confio em você na plenitude do brinde que derrama. Deixo dirigir meus atos, meu carro, meu mundo... Sua generosidade me faz crer que acabou a procura que se mostrava eterna. Acabou a loucura da descrença de que isso não havia sido feito para mim. O que é que eu vou fazer agora? Te esquecer, não dá! Te querer mais do que quero? É possível! Eu preciso te conquistar, te roubar para mim, inocentar o que é proibido e te levar para o jardim à beira lago, para a minha poesia, para os meus exageros, para o meu mundo! Será que você aceita o convite?     
Você se diz calculista, e não há nada menos calculista do que se apresentar calculista. Você diz que combato seu altruísmo sendo mais voluntarioso que você! Ora, preciso de você o tempo todo. Te fazer feliz, me faz feliz! Estou entregue! Estou contente! Mas preciso de você perto de mim. Você transforma todo o meu altruísmo em egoísmo. Quero você para mim! E evito, tenho que evitar ver você sendo você—artista... Ah! As artes me atraem como a música que voa para as asas de meus versos... Desabo nas suas notas, tanto quanto no desejo de sua boca.    
Repito: você me desnorteia, mas me faz ver um continente. Aporto lá ou morro em alto-mar.
Não queria dizer boa noite! Fica! Eu queria você aqui. As suas palavras me fazem falta! Tenho saudade do seu jeito! Fica um pouco mais. Troco mensagens. Falo de você o tempo todo! Tento te impressionar. Transito entre a sabedoria e o que é insano, embalo no ciúme que é fugaz. Escapole com maestria, mas com charme debocha da minha virtude pecaminosa. Meu ciúme é minha arte para dizer que preciso de você. Sou artista de dramas sempre passageiros. É o jeito que encontro para chamar a sua atenção. Longe te quero perto. Perto te quero mais perto ainda. Ainda que a coragem me afague, o medo me faz ver o quanto é importante. Tememos apenas aquilo que nos coloca em risco. E eu amo o risco que é te ver, sem te venerar, sabendo que te venero quando apenas te olho—me apaixono! E era apenas um educado convite... Convite que o vento leva e nem sei mais onde estou, muito menos o convite que me convidou.

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