E quem disse que mulher não manda bem no futebol?

Comandando transmissões do gloesporte.com, a friburguense Christiane Mussi conquista espaço em um universo antes restrito aos homens
sexta-feira, 20 de julho de 2012
por Jornal A Voz da Serra
E quem disse que mulher não manda bem no futebol?
E quem disse que mulher não manda bem no futebol?

Leonardo Lima

Grande parte das pessoas que acompanha as transmissões do gloesporte.com não imagina que Nova Friburgo está representada—e muito bem—pela produtora e apresentadora Christiane Mussi. Além de realizar a cobertura dos momentos pré e pós-jogo, ela atua nas transmissões coletivas importantes, nas convocações da Seleção Brasileira e nos treinos das equipes nas vésperas de partidas decisivas.

“Estamos fazendo algo jamais feito: misturar internet e televisão. Nos jogos da Libertadores, por exemplo, entrava no ar às 21h no estúdio da web com os convidados e, por volta de 21h20, conversava com a cabine da Globo no estádio: o Cleber Machado, o Caio Ribeiro e o Arnaldo Cezar Coelho. Eles falavam do clima do lugar e da expectativa para a partida”, conta Christiane. Segundo ela, a grande novidade desse projeto está relacionada à interatividade. “A pessoa que está assistindo pode perguntar em tempo real pelo twitter e a gente responde ao vivo no estúdio, dando o nome do internauta. É muito interativo e o retorno é imediato”, diz.

Ex-aluna do Colégio Anchieta, a jornalista revela que a princípio a ideia era se tornar advogada. “Em 2003 fiz vestibular para Direito em Nova Friburgo e Jornalismo no Rio de Janeiro. Resolvi continuar aqui e trabalhar com meu pai e meu irmão, que são advogados”, diz. Entretanto, o conselho de uma amiga de faculdade—na verdade, a editora-chefe de A VOZ DA SERRA, Angela Pedretti, com quem Christiane começou a cursar Direito—e de outra amiga de ambas, a também jornalista Kika Stern, a encorajou a mudar o rumo de sua vida. “Sempre fui muito comunicativa, gostava de ler, dar informação aos outros. Um dia a Angela me falou pra eu fazer jornalismo, que era a minha cara. Eu nunca mais esqueci disso. Ficava pensando: gente, imagina eu trabalhando numa Copa do Mundo? Convenci meu pai e me mudei para o Rio”, afirma.

A primeira experiência de Christiane na área veio logo no quarto período, na Revista Noivas. Em seguida atuou como voluntária no setor de imprensa durante os Jogos Pan-Americanos de 2007. Durante esse período foi convidada para trabalhar na Agência Rio de Notícias. “Eu estava nos meus últimos anos na faculdade e resolvi fazer um intercâmbio. Pedi demissão da agência e em dezembro fui para San Diego, na Califórnia. Lá trabalhava como ajudante de cozinha e nas horas vagas escrevia para um jornal brasileiro, o Brazil Today”, relembra.

“As mulheres não entendem só de cabelos e chuteiras estilosas”

Após voltar para o Brasil, concluir os estudos e ficar um tempo atuando fora da área, Christiane voltou ao mundo do jornalismo no início de 2009, trabalhando em sites de novelas globais, como Caminho das Índias, Paraíso e Viver a Vida. Logo depois ficou responsável pela cobertura da Dança dos Famosos e pela interatividade de alguns programas. “Quando eu ia renovar meu contrato, soube que o chefe de esportes do globonline estava procurando gente para trabalhar na Copa do Mundo da África do Sul. Consegui uma vaga. Além de notas e matérias, eu escrevia para um blog chamado Grama na Calcinha. Ele foi fundado durante a competição e era composto só por meninas que escreviam sobre futebol. Era divertido, fazia o maior sucesso e ganhou até um prêmio”, conta Christiane.

Após três meses no Fantástico, a jornalista recebeu convite para coordenar um portal local que abrange as regiões Serrana, dos Lagos e Noroeste fluminense. E foi o que fez até julho do ano passado, quando mais uma porta se abriu em sua carreira. “Um dos chefes do globoesporte.com me convidou para comentar a partida da disputa de terceiro lugar da Copa América, entre Venezuela e Peru. Pensei assim: se for e mandar bem, ele pode me convidar para trabalhar. Se for e mandar mal, pelo menos tentei. Mas se eu nem for, não vou saber se poderia ter ido bem, se poderia ter ido mal e posso desperdiçar uma oportunidade”, lembra Christiane, que logo após a transmissão foi chamada para trabalhar no site.

Entre os trabalhos que mais gostou de fazer até então ela aponta um programa para anunciar as sedes da próxima Copa do Mundo, a transmissão do UFC 142 e a entrevista feita com o pai do repórter Tino Marcos. “O Tino estava na Espanha na época para entrevistar o Messi e eu fui para Bom Jesus do Itabapoana para entrevistar o pai dele. A matéria ficou bem legal e ele adorou”, conta a jornalista, que acredita que com o seu trabalho prova que as mulheres também entendem de futebol. “Fico feliz de poder representar as mulheres e mostrar que elas entendem de esquemas táticos e não só de cabelos e chuteiras estilosas. Acho que a internet é um bom caminho para as mulheres se tornarem uma realidade cada vez mais presente no cenário esportivo”, pontua, para em seguida garantir que não entende do esporte apenas nos bastidores: “Jogo bola e também sou muito boa no videogame”, diz.

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