Hoje me vi mais velho, 22 anos. Algumas crianças já me chamam de tio. Engraçado. Não que eu pareça ou me sinta adolescente, mas reconheço que algo já passou pra mim.
Sinto, como nunca senti antes, que o tempo voa.
Meu irmão, que era meu espelho na infância (talvez ele nem saiba disso), hoje já é pai, casado. Estranho. Minha irmã que eu pegava no colo, rolava no chão, implicava—e continuo implicando—está tornando-se mulher.
É...
Percebi que as ideias megalomaníacas que eu tinha de mudar o mundo foram ficando um pouco de lado.
Talvez o problema esteja nas próprias pessoas. Talvez sejam as rotinas que limitam o pensamento.
Conheço gente, muita gente, que só enxerga o que está por perto: o buraco da rua, o carro do vizinho, o salgado da esquina.
É...
Outras não gostam do que fazem, mas no mês seguinte continuam no mesmo lugar. No ano seguinte também. E no outro também. Quando se dão conta, passaram 1/3 da vida trancadas num escritório, emburradas, correndo contra o tempo e recebendo uma bagatela a cada 30 dias.
A gente cresce e embota. Pensa duas, três vezes antes de falar de sentimento. E não fala. Quando fala, magoa.
Carrego comigo minha palavra preferida: empatia.
Faço um exercício diário pra tentar não cair no senso comum, aliás, de não ser comum. De não ser mais um.
É difícil...
E pensar dói, né? Toda vez que penso descubro que fui egoísta, que senti raiva, que fui vaidoso. Descubro que a preguiça venceu. Ou que senti pena e não fiz nada. Aliás, nunca sei se dou esmola ou não. Mas sempre que me pedem—quase todos os dias da semana—sinto-me mal. Um misto de constrangimento, tristeza e culpa.
Estou maluco?
E foi pensando que consegui transformar inveja em estímulo para ser melhor. Hoje sou capaz de contemplar e de admirar o que antes queria para mim. Às vezes falha (mas é segredo!).
Já pensei que a melhor fase da minha vida tinha passado. Já afirmei isso algumas vezes em momentos de euforia. Mas logo mudei de ideia. Creio que o melhor está por vir. Bastou eu olhar para minha avó e notar que aos 70 anos ela está viva. Viva de alegria, viva de sonhos.
Já pensei em desistir dos meus sonhos. Já pensei em chutar o balde, em me engravatar e “ganhar dinheiro”. É bom poder comprar. Dá moral, prazer, segurança...
E insegurança. Sobretudo nas relações pessoais.
Complicado, né?
É... a vida.
Para essas questões, e também àquelas de “Quem sou? De onde vim, pra onde vou?”, procuro respostas em mim e na natureza. Olho pra dentro. Enxergo pra fora.
Gosto do dia, mas prefiro o silêncio da noite.
Sinto a energia do céu, vejo a lua, o brilho das estrelas—que continuam lá, apesar de não mais existirem—, e penso. Entendo tudo. Não compreendo nada.
E sigo meu caminho. Fazendo arte. Desta vez feliz...
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