Cientista friburguense se destaca pesquisando a diversidade química das plantas e animais da Amazônia

sexta-feira, 30 de março de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Cientista friburguense se destaca pesquisando a diversidade química das plantas e animais da Amazônia
Cientista friburguense se destaca pesquisando a diversidade química das plantas e animais da Amazônia

Dalva Ventura

Ele mora a cinco mil quilômetros de distância de Nova Friburgo, em Manaus (AM), porém seu coração nunca saiu daqui. Para um engenheiro químico apaixonado por plantas medicinais, a Amazônia era mesmo o caminho natural. Não, nada a ver com alguns ditos “especialistas” em fitoterápicos existentes por aí, que se dizem altos conhecedores de ervas e as “receitam” a torto e a direito, sem nenhum critério, como se estas fossem a panaceia para todos os males. Valdir Veiga Junior é um cientista, um pesquisador, com artigos publicados em periódicos internacionais. Um currículo impressionante, para dizer o mínimo.

Além de professor adjunto de Química Biológica na Universidade Federal do Amazonas, é orientador de alunos de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado. Também coordena o grupo de pesquisas em Química de Biomoléculas da Amazônia, e atualmente estuda plantas visando seu uso em cosméticos, alimentos funcionais, para o tratamento do mal de Alzheimer e diferentes tipos de câncer.

Como bom friburguense, Valdir faz questão de destacar, logo de cara, que estar longe das “montanhas, das florestas, dos rostos amigos e da família é muito difícil”. Mas não tinha outro jeito. Desde o tempo da faculdade, UFRJ, no Rio, ele passava grandes temporadas na Amazônia pesquisando a diversidade química de ervas e animais da região. Com o passar dos anos, acabou tendo que se mudar para lá.

O interesse pelo tema surgiu ainda na infância, observando a avó preparar chás de ervas medicinais para curar doenças. Para completar, o pai de Valdir trabalhava na Fábrica de Filó como químico têxtil e chegava em casa com os dedos ainda sujos de pigmentos de várias cores, deixando o menino encantado. Cresceu querendo ser bombeiro ou químico. A primeira opção ficou na saudade. A outra foi amadurecida no Ensino Médio e daí para a Engenharia Química foi um pulo. Em seguida, concluiu o mestrado e o doutorado em química orgânica na mesma UFRJ.

Começou estudando a canela-de-ema da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um arbusto facilmente encontrado também nas montanhas de Nova Friburgo, preso nas paredes de pedra, como no Morro da Cruz. Em seguida, passou para os óleos de copaíba, o que o levou várias vezes à Amazônia. Xapuri, no Acre, Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, Alter do Chão, paraíso ecológico localizado às margens do Rio Tapajós, no Pará, e daí por diante.

Nesta altura, o destino já tinha decidido seu futuro, embora ele ainda não soubesse disso. Quando terminou o doutorado, voltou para Nova Friburgo, onde até chegou a dar aulas de bioquímica, biofísica e bioestatística na Uerj e na Estácio. Mas logo percebeu que tinha de se estabelecer mais perto do seu local de pesquisas.

A distância não impede o professor de pegar um avião para curtir sua cidade sempre que pode, nem que seja apenas por alguns dias. Uma vez na cidade, não perde tempo. Vai aos restaurantes no Cônego e em Mury, que adora, tenta arrumar tempo para visitar Benfica, as cachoeiras de São Pedro e Lumiar e o “belíssimo” rio Bonito, onde, afirma, um dia ainda vai morar.

“Aí em Friburgo estão minhas principais referências, os melhores amigos, as histórias dos primeiros amores e onde ainda mora minha mãe, Marina, nas Braunes. Cresci nadando no Clube Olifas, na Lagoinha, andando de bicicleta até o Ceasa, na estrada de Teresópolis, subindo a Catarina nos domingos pela manhã, indo aos festivais de chope, do vinho e às festas de aniversário da cidade, em maio. Sinto muita falta daí. Muita mesmo.”

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