Uma criança diria que o mundo é assim uma bola gigante cheia de gente. Bola essa que não pode ser quicada ou chutada, simplesmente, para evitar que todas essas pessoas que estão nela se machuquem. Uma criança se preocupa com isso e desconhece essas tolas diferenças que só servem para segregar, separar, se isolar em bilhões de mundos que sufocam e descaracterizam o sentido de ser mundo.
Mas os adultos demais, todos esses que deixaram a meninice de lado, não pensam muito nisso... Não se colocam como parte de algo. O mundo é grande demais para que eles sejam responsáveis por ele. Distantes, fazem questão de se colocar como sujeito simples ao invés de composto. Sou eu, ao invés de sou eu e você! Sou eu e o mundo! Falam em responsabilidades demais e se distanciam quando alguém diz que a responsabilidade pelo mundo é de todos. Somos nós no mundo e o mundo em nós!
Fazemos parte de algo maior. Não fazemos parte apenas de uma casa, de um sobrenome ou de um mesmo DNA. Não fazemos parte apenas de uma comunidade, um grupo de trabalho ou de um grupo de aprendizes. Somos mais que bairros e cidades. Somos mais que estados e países. As fronteiras são apenas linhas em mapas. É imaginário que confunde o sonho de que todos nós somos irmãos.
Por mais que tenhamos culturas e hábitos diferentes, que atendamos por naturalidades distintas, a humanidade nos une. E, ao ter essa humanidade, ao ser dessa humanidade, compartilhamos um mesmo sonho: o de atingir a felicidade.
A felicidade pode ser muitas coisas e ser definida de diversas maneiras, mas ela sempre terá em seu cerne a paz, as relações, as realizações. Nada dá mais sentido de realização que a paz com sua própria consciência, que a coletividade que faz você ver no outro um comum com a comum capacidade de alcançar os céus sem a necessidade de viajar numa astronave.
No fim das contas, queremos as mesmas coisas pelas mesmas razões. Era para estarmos juntos, ainda que pensemos diferente, que comunguemos de fés diferentes e que até torçamos por times diferentes ou admiremos sistemas de governos divergentes. O que importa é que nossa razão de ser, existir e persistir é encontrar a tal felicidade para si e para todos. Ninguém é feliz sozinho. De que adianta ter tudo, quando o mundo não tem nada? Que diferença faz ter tudo, se o todo está desabando ao seu redor?
Estamos juntos nessa! Todos nós estamos no mesmo barco. Gigantesco barco que não cabe nos oceanos, mas que pode fazer morada no pequeno coração que habita em cada um. Podemos vencer juntos! Somos o mundo! Mundo que é louco por nossas loucuras. Mundo que é triste e sorridente por nossas lágrimas e alegrias. Ninguém pede um tratado para uma felicidade eterna. Mas podemos ser bem melhores nessa coisa de cuidar do mundo e de cada um que habita esse mundo.
Então, vamos dar as mãos com a alma. Vamos unir nossos cantos e cantar a mesma canção na nossa língua. Misturar o inglês com o grego, o francês com o italiano, o espanhol com o árabe, o zulu com o português. Unir todas as línguas, assim como todas as verdades para que não haja a verdade única. Vamos celebrar nossas intenções coletivas, celebrando nossas diferenças para alcançar aquilo que nos une: nós mesmos e a felicidade do mundo. Vamos trabalhar pelo mundo, valorizando a participação de cada um e respeitar os sonhos. Sonhos são sagrados, até o sonho de ver todos agindo em prol de um mesmo objetivo: o de cuidar do mundo e cuidando do mundo cuidar de cada um, afinal, o mundo sou eu e você. Sem eu, sem você, sem nós, não há qualquer sentido no mundo. Vamos juntos experimentar a liberdade de se abraçar para no abraço, esse ato mágico, vivenciar a vida que movimenta todos a agir pelos seus. Esses seus que visitam nossas casas, mas esses seus também que podem não levar seu sobrenome ou que talvez você não chame com carinho pelo nome, mas que são seus familiares simplesmente por serem, assim como você, humanos. É a humanidade que nos faz irmãos. E, humanos, somos bem mais parecidos do que pensamos.
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