O idoso cuidador

Por Thereza Freire Vieira (*)
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Existe uma série de expectativas da sociedade em relação ao envelhecimento humano. Sempre houve uma desvalorização do velho, sempre associada à solidão, isolamento, doença, incapacidade, ônus social.

Em oposição a essa expectativa, citam-se situações em que os indivíduos mais velhos de uma coletividade conquistaram uma posição de respeito e tinham um espaço definido e confortável.

Sempre que se fala em velhice, se lembra apenas dos idosos inativos, desvalorizados, empobrecidos, dependentes e sempre invejosos dos indivíduos de bem com a vida, satisfeitos, que descobriram novos incentivos para a vida, as põem em uso e se dão bem.

Há os que fazem da aposentadoria uma perda: deveriam fazer dela uma nova experiência e conquista—e, se antes não tinham tempo para nada e agora têm, deveriam fazer bom uso e realizar os sonhos de uma vida inteira que não tiveram tempo para realizar.

É importante lembrar do idoso cuidador. Há o cuidador do cônjuge, pois quando um dos idosos adoece se torna dependente do outro, que está com melhor saúde, é uma consequência habitual que passe a ser o seu cuidador. Os outros elementos da família estão comprometidos com o trabalho, com a subsistência da família, ou cuidando de sua própria prole e sem tempo de cuidar do idoso que adoece.

Há idosos que exercem essa função há muito tempo, tendo sob os seus cuidados filhos que, por deficiência mental ou física, permaneciam sob o cuidado dos pais. Mas esses dependentes tendo uma sobrevida longa, podem ser motivo de angústia para os seus cuidadores que já estão velhos e se preocupam com o filho, sem saber o que será deles depois da morte dos pais, medo de que fiquem sozinhos, desamparados.

(*) Médica geriatra, colaboradora de jornais e revistas.

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