Não pertenço à geração do rock’n’rol! e na verdade estou muito longe da barulheira que chamam de música, mas fiquei entusiasmado com a campanha lançada pelos organizadores de um festival que teve lugar no Rio de Janeiro com o palavreado e as ideias da juventude, notadamente a universitária, já que a mocidade de faixas mais modestas da população frequentam outros segmentos musicais. O rock tem origens na Inglaterra e nos EUA, se expressa em inglês, as mais famosas bandas e interpretes são igualmente estrangeiros e portanto de consumo às classes mais privilegiadas, de modo geral jovens universitários destinados a integrar a elite cultural do país. Os promotores da iniciativa quiseram sair do discurso moralista e efetuar campanha direta aos jovens que, segundo os técnicos, não gostam de conselhos e observações de professores, pais e autoridades que eles acham “quadrados e cafonas”. As mensagens foram veiculadas com personagens do mundo musical específico, que falam as mesmas gírias, usam as mesmas roupas e se sintonizam nos mesmos sons. Nada de vetustos autores, militares cheios de condecorações ou cientistas barbudos com vários livros publicados. O que me empolgou na campanha, denominada “Eu vou sem drogas”, é a estratégia. Finalmente alguém entendeu como se dirigir a quem tem entre 1 7 e 25 anos de idade.
A ideia é esclarecer que a droga (cocaína, maconha, crack, ecstasy, haxixe, ou o novo “barato”, o oxi, mais potente que os outros) é uma droga e leva inevitavelmente para o cemitério, para a cadeia ou para a clínica psiquiátrica. Esta última se tiver recursos financeiros.
Relatório recente da ONU aponta o Brasil como o maior consumidor de cocaína na América do Sul. Com cerca de 1 milhão de usuários dependentes e um contingente impossível de ser avaliado que, diariamente, tem sua iniciação no consumo dos entorpecentes. Nas várias categorias analisadas, a dos estudantes de nível superior apresentou índices alarmantes com a informação de que o uso de drogas, principalmente cocaína, teve início no meio estudantil.
Entendo que não é uma solução. Assim como a velocidade que mata, o alcoolismo, a reunião de grupos para a violência, o desrespeito, a falta de valores morais e o total desprezo pelas instituições são características da juventude deste século e os exemplos que vêm dos gestores, públicos e privados são péssimo incentivo. Mas é um passo em direção à conduta mais equilibrada dos jovens, rapazes e moças com carreiras pela frente, que se tornam dependentes devido a desafios ou a autoafirmação.
(*) jornalista e escritor em Brasília.
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