Drops Literário - O Primo Basílio - 24 a 26 de setembro 2011

Por João Clemente
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Drops Literário - O Primo Basílio - 24 a 26 de setembro 2011
Drops Literário - O Primo Basílio - 24 a 26 de setembro 2011

Eça de Queirós é um dos meus escritores favoritos e certamente é o meu favorito de língua portuguesa. Ele nasceu em 1845 em Portugal e escreveu cerca de dez livros, muitos deles famosos como O Crime do Padre Amaro, Os Maias e este sobre o qual eu comentarei aqui: O Primo Basílio.

Há quem considere O Primo Basílio uma mera imitação de Madame Bovary (do francês Gustave Flaubert), devido à similaridade do tema e do perfil psicológico das duas personagens principais—Luísa e Emma, ambas donas de casa românticas e entediadas em típicos casais burgueses europeus—mas o “recheio” da história é diferente. E como Eça de Queirós é um cara realmente espirituoso e engraçado, a meu ver, Primo Basílio é uma obra superior à Madame Bovary (claro, Flaubert merece todo o mérito pelo seu pioneirismo).

Como eu havia dito antes, Luísa é uma típica esposa burguesa europeia, levando uma vida cotidiana e tranquila. Era espera um dia ter um filho; isso vai completar sua felicidade. Porém nesse meio tempo seu marido viaja e ela fica sozinha em casa. Melancólica, passa os dias aguardando o retorno do marido. Até que chega seu primo, Basílio, com quem já havia tido um namorico no passado. Basílio não tem qualquer interesse por Luísa a não ser o sexual, e através de palavras românticas consegue sem muita dificuldade conquistar o coração ingênuo e sonhador de Luísa.

O leitor provavelmente conhece um trecho de O Primo Basílio devido a uma canção interpretada por Marisa Monte, “Amor, I Love You”: “Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”. São de fato lindas palavras, assim como diversas outras onde Eça de Queirós demonstra seu domínio da língua portuguesa na capacidade de expressar sentimentos e sensações. Porém, é triste saber que esta carta que Luísa tinha lido fora escrita por este personagem insensível e fanfarrão, o Basílio, que o fez somente para dormir com ela.

A carta de Basílio para Luísa acaba caindo nas mãos da empregada. Aí começa a segunda parte da história...

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