Palavreando - Declarações não feitas - 3 a 5 de setembro 2011

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 02 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Tinha muitas pessoas, mas eu só queria você. Muitos pensamentos dispersos, mas o único pensamento certo era em você. Todos estavam reunidos. Todos saíram juntos, menos eu... Sozinho tinha a sua companhia longínqua de um beijo que não aconteceu. Eu queria você ali.

Até tive vontade de te ligar, mas venci a tentação e o medo de lhe passar a impressão de que eu estava muito dependente de você. Até pensei em jogar tudo para o alto, mandar todas as regras fajutas para o ar e dizer tudo que eu gostaria de lhe dizer ao pé da letra. Mas optei por não seguir os meus instintos e seguir o que os livros dizem.

Calei, dormi sozinho e sufocado pela insônia estava mais onde você estava do que propriamente entre as quatro paredes brancas que me sufocavam...

Se pudesse, se te ligasse, diria a você que sinto saudade ainda que tivéssemos nos encontrado a pouco. Diria que me causa paralisia que faz girar em um segundo o mundo. Diria que eternidade é pouca quando divido com você as horas e os minutos. Provaria a você que todo conhecimento que tenho e todas as suposições que possuo são insossas. Estou aprendendo de novo desde que o meu olhar se desviou no seu olhar que me viciou em seus olhos. Quero gritar cantando. Quero me afogar na neblina. Quero te ligar pra dizer que gostaria de lhe ter aqui, ao meu lado. Que nada que tenho possuo. Que tudo que possuo não me interessa se não te tenho ao meu lado. Diria tudo, sem esconder nada. Diria que a felicidade que ensaiei é pequena perante tudo que juntos podemos contracenar. Diria que dizer tudo o que sinto é difícil de dizer em palavras, mas te provaria que as palavras que tenho são autênticas, imutáveis e absolutamente criadas pelo que você me deu ainda que não admita que as tenha me dado.

Queria falar com você. Jogar conversa fora madrugada adentro. Contar segredos, misturar segredos e te revelar que não tenho mais segredos. Queria ser a verdade completa que se declara sem métricas ou medidas. Se dar por completo. Preencher todo o vazio que me permite o direito de ser menos vazio.

Mas quando me liga, sou evasivo. Deixo a entender sem propriamente ser entendível. São declarações atropeladas que se aproximam de declarações não feitas que nada condizem com o que exatamente sinto. Admito ser complicado. Revelo-me ser um tanto fugitivo desses que fazem fuga por aquilo que livremente se entregariam.

Aí ruas desertas se tornam o meu lar. Cama vazia parece que é onde quero ficar. Mas por dentro clamo por você. Assumo veladamente que quero você não pela solidão que me visita, mas pelo sentido que me traz a sua presença mesmo que em pensamentos que me fazem sonhar que está comigo porque quer e que eu estou com você porque não me importo com mais nada além de ser feliz como merecemos ser.

Declarações não feitas são tolices. Não há instante certo para fazê-las. Não há beleza em esperar ocasiões especiais para derramá-las. Elas têm que ser feitas no momento em que se tem vontade. Se nascerem, precisam vir ao mundo para em sua luz proporem ser luz para aquele que a recebe. Porém, se aquele que a recebe não a aceita, quem declarou fez sua parte e se torna completo por isso e se torna feliz também...

Então, não quero ser tolo, nem burro. Tudo o que diria lhe digo agora, porque o agora me tem e agora quero você.

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