As sirenes soaram

Por Carlos Emerson Junior
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra
As sirenes soaram
As sirenes soaram

Bastaram apenas vinte minutos de chuva forte, há algumas semanas atrás, para ficarmos todos apreensivos, tomados pelas péssimas lembranças de janeiro. Enquanto observava a água que caía lavar os jardins do condomínio, dei-me conta que sequer sabemos como agir no caso de uma nova tragédia.

Pois é...

Naquela ocasião ficamos completamente sem luz, telefone, água, gás e combustível. Inúmeras localidades tiveram seus acessos completamente bloqueados por barreiras e rios revoltos. O colapso foi total e angustiante. Não havia como pedir ajuda ou simplesmente avisar que estávamos bem.

O final dessa história todos conhecem. Cada um de nós tem a sua versão pessoal desses dias sombrios e ainda nos surpreendemos com novas narrativas cheias de tensão e pesar. Como evitar novamente esse caos deveria ser o nosso objetivo principal, ainda mais que outubro se aproxima.

Existem bons exemplos em países obrigados a conviver com desastres naturais. Os norte-americanos que moram em áreas sujeitas a tornados ou furacões e os japoneses com seus terremotos e tsunamis seguem duas regras básicas: procurar abrigo quando soam os alarmes e manter em dia o seu kit de sobrevivência.

A Defesa Civil pretende instalar sirenes nas áreas de risco alertando que está na hora de abandonar o local. Perfeito, mas e depois que elas soarem, fazer o quê? Correr para onde? O que levar?

Aí fora o assunto é muito sério. Tudo o que você precisa saber está descrito em manuais ou folhetos e simulações de emergências são feitas periodicamente, corrigindo eventuais erros e criando o hábito preventivo na população. Para ilustrar melhor, vamos ver o que nos ensina o folheto distribuído pela Defesa Civil do Rio de Janeiro, nas comunidades onde existem alarmes:

Caso você tenha que abandonar sua casa:

- ponha em prática seu plano de desastre familiar;

- mantenha-se atento às informações meteorológicas;

- prepare sua rota de fuga, usando as especificadas pelas autoridades locais. Não saia sem saber para onde ir;

- leve seu Kit de Emergência, incluindo os documentos importantes;

- avise a família e amigos de seus planos;

- ao sair, dirija-se para a casa de amigos ou família em uma área não vulnerável dentro de sua cidade. Se não for o caso, tente um hotel e, como último recurso, vá para um abrigo público.

Se não houver necessidade ou não for possível sair de casa:

- desenvolva um plano de desastre familiar;

- mantenha-se atento às informações meteorológicas;

- mantenha sempre um Kit de Emergência pronto;

- tenha comida e água suficiente para pelo menos três dias;

- proteja sua casa contra desastres, reforçando portas, janelas e telhados;

- ao chegar a tempestade, reúna sua família em um lugar seguro;

- após a tempestade, fique atento aos fios de alta tensão caídos e as notícias das concessionárias de serviço público.

Dicas simples e práticas, não é mesmo?

Já sabemos que os serviços básicos podem desaparecer por vários dias e é para amenizar essa situação que existe o Kit de Sobrevivência ou Emergência. Alguns itens previamente selecionados e bem guardados garantirão nosso bem-estar até a chegada do resgate ou a normalização da situação.

Tenha em mãos o seguinte:

- pelo menos um galão de água (5 litros) por dia, por pessoa, para um período de 3 a 7 dias;

- comida suficiente para um período de 3 a 7 dias, tais como sucos, alimentos não perecíveis e em conserva;

- combustível e utensílios de cozinha, pratos de papel ou plástico;

- mantas, travesseiros, etc.;

- vestimentas como roupas sazonais, proteção para chuva, sapatos resistentes;

- primeiros-socorros, medicamentos e remédios controlados;

- artigos de higiene pessoal;

- lanternas e pilhas;

- rádio de pilhas e pilhas;

- dinheiro vivo—os bancos podem não estar disponíveis;

- documentos importantes em um recipiente impermeável.

Exagero? Acho que não. Aliás, essa é uma lista genérica, também da Defesa Civil carioca, que com certeza será adaptada às suas necessidades. Não podemos nos esquecer que as sirenes apenas avisam que um evento catastrófico se aproxima. Como reagiremos, aí já é outra questão. Sem informação, treinamento e organização, estamos arriscados a provocar o pânico em quem precisa de proteção.

Gostaria muito de terminar essa crônica afirmando que nunca mais Nova Friburgo vai precisar se preocupar com chuvas, inundações e desabamentos. Infelizmente sabemos que isso não é possível, até mesmo pela localização geográfica e por inevitáveis alterações climáticas. Mas se você tem alguma ideia ou experiência em casos semelhantes, não deixe de enviar suas sugestões. Afinal, se não fosse a solidariedade do friburguense, a tragédia teria sido muito maior.

carlosemersonjr@gmail.com

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