Cuidando dos bichinhos - Ansiedade de separação e suas implicações na vida dos cães - 20 a 22 de agosto 2011

Por Drª Flávia de Oliveira Herdy e Drª Henriette Bito Jordão
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Ansiedade de separação é o conjunto de comportamentos exibidos por cães quando são deixados sós, sendo um dos problemas comportamentais mais comuns entre eles. Os proprietários frequentemente se referem a estes animais como “rancorosos”, “chateados”, “raivosos”, que agem com “despeito”, “má vontade”, mas este tipo de explicação não tem nenhuma base etiológica. Como consequência, acabam punindo seus animais de modo incorreto e contribuindo para a manutenção ou aumento da frequência do comportamento. O mais correto seria descrever este tipo de comportamento perturbado como resultado de uma resposta ao estresse pela separação da pessoa ou pessoas com quem o animal está ligado ou apegado.

Quando um cão fica dependente demais de seu proprietário, poderá desenvolver alterações comportamentais associadas à separação. Poderão ser observados: defecação e micção em localizações impróprias, comportamentos destrutivos (escavar, arranhar, morder objetos pessoais, móveis, paredes, portas e janelas), vocalizações excessivas (latidos, uivos e choramingos), depressão, anorexia e adipsia e hiperatividade. Porém é preciso deixar claro que, somente o levantamento do histórico comportamental e do contexto em que estes comportamentos ocorrem pode determinar um diagnóstico de ansiedade de separação.

Os cães são animais orientados para uma vida em grupo, desde seus ancestrais, os lobos. Assim, tendem a demonstrar estresse e frustração quando deixados sozinhos. Devido à crescente humanização dos cães, eles vêm apresentando problemas de comportamento.

Grande parte dos cães com ansiedade de separação pertence a pessoas ansiosas. Ao sair de casa, não se despeça calorosamente do cão se ele for daqueles que ficam aflitos quando estão sozinhos. Perceber o dono ansioso poderá aumentar a ansiedade do cão e fazê-lo sentir-se mal ou culpado nesses momentos. Saia calmamente. Se ao chegar em casa você estimular uma recepção calorosa, o cão terá mais um motivo para ficar aflito na sua ausência. Portanto, nesses momentos, em vez de festejar o cão o melhor é ignorá-lo, embora nem sempre seja fácil. Deixe o carinho, as brincadeiras ou o passeio para depois de ele ter se acalmado. Proporcionar atividades ao cão que fica sozinho é outra maneira de amenizar a solidão. Algumas opções de passatempos são deixar petiscos escondidos pela casa para o cão encontrar, possibilitar o acesso dele a janelas para observar o movimento externo e dar ossos de couro para ele roer.

Não há predisposição sexual ou por raça. Cães de rua recolhidos em canis de adoção têm predisposição a ansiedade de separação. Os cães com predisposição a ansiedade de separação são ansiosos, agitados e superativos. Seguem o proprietário por todo lado, pulam em cima dele e correm sem parar.

Para tratar esse distúrbio, faz-se necessário remover o fator ansiogênico, alterando o ambiente e/ou rotina do proprietário. Deve-se também combater — com técnicas de modificação comportamental — os itens relacionados à hipervinculção, para que o animal passe a ficar sozinho sem que isso desencadeie a síndrome da separação. Pode se combinar a terapia comportamental com a terapia medicamentosa.

Terapia comportamental: Os princípios da terapia envolvem a não punição (para casos de destruição e micção/defecação na casa), aumento da rotina de exercício, a implementação de treinos de relaxamento e a desassociação da rotina da partida do proprietário. A presença de outros animais na casa pode se mostrar ineficaz para diminuir ou eliminar os sinais ou o estresse apresentado nessa síndrome. O uso de coleiras para inibir a vocalização excessiva é contraindicada, pois pode diminuir os latidos e aumentar significativamente o estresse do animal.

Terapia medicamentosa: Essa terapia deve ser realizada por um médico veterinário que deve estar atento as modificações que forem ocorrendo ao longo do tratamento.

É IMPOSSÍVEL MENSURAR O SOFRIMENTO DO ANIMAL PORTADOR DESSA SÍNDROME ENQUANTO É DEIXADO SÓ POR SEU PROPRIETÁRIO. É IMPOSSÍVEL AVALIAR O QUÃO PROFUNDO É O PROBLEMA PARA CADA ANIMAL.

Assim sendo, é importante entender os diversos problemas de comportamento e preveni-los para melhorar a qualidade de vida dos animais domésticos e consequentemente a de seus proprietários.

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