Quando eu era criança, acreditava em Deus porque era criado por pais católicos e escutava as pessoas da minha família que eram de outras religiões cristãs. Nesta idade, muitos têm fé por educação, muitos por intuição e outros por sentirem em suas vidas os benefícios de uma religião robustecida pela fé. Em princípio, este foi o meu caso. Mais tarde, adulto, ao fazer uma análise da origem da minha fé católica, cheguei à conclusão de que divergia dos católicos apenas na questão do destino da alma após a morte. Após a leitura de bons autores sobre o assunto, convenci-me de que a crença na reencarnação era mais lógica e aceitável. Com isso, rejeitei o simbolismo de céu, inferno e purgatório.
No meu entendimento, só um homem mereceria o céu, seja qual for a concepção que se fizesse desse Céu. Esse homem só poderia ser Cristo, filho de Deus. Do mesmo modo, não aceitei mais a ideia que me passaram do inferno, porque percebi que não seria possível que um homem fosse tão mau a ponto de merecer este tipo de pena eterna, arder para sempre no fogo do inferno, até porque pensei: “Se o fogo é material e o espírito imaterial, não daria pra um ser queimado pelo outro”. Já o purgatório aceito ou admito, desde que seu início fosse aqui, na Terra. Dentro deste princípio, estariam as penas divididas nas que teriam de ser cumpridas aqui (física) e lá (espiritualmente), formando um imenso caminho em direção a nossa evolução.
Dessas leituras cheguei a Kardec, que, ao indagar sobre a existência de Deus, recebeu das superiores entidades espirituais a resposta que nos passou, em síntese, com a definição mais perfeita e esclarecedora: “É A INTELIGÊNCIA SUPREMA E CAUSA PRIMÁRIA DE TODAS AS COISAS.” Fiquei pensando então, que com esta nova definição deveria ir adiante e cheguei em São Tomaz de Aquino – o doutor angélico – o maior teólogo de todos os tempos, e achei em seus argumentos uma explicação que, pra mim, ficou clara, tendo como base a definição intermediada por Kardec. Encontrei neste estudioso cinco meios de se concluir com raciocínio enquadrado em pura lógica que Deus existe, e resolvi compartilhar com vocês.
O primeiro tem como premissa o “movimento”: se um corpo se move, certamente foi movido por outro. Esse segundo corpo é certamente movido por sua vez por outro. E assim, sucessivamente chega-se ao infinito sem uma definição precisa. Mas se pensarmos que deve haver um corpo que move outro corpo, e não é movido por outro, chegaremos fácil à conclusão de que ele é imóvel e, portanto, o princípio que move tudo o que se move no universo. Esse corpo só pode ser Deus.
O segundo se apoia na “causa de tudo”: tudo o que se move no universo deve ser decorrente de uma causa. Essa causa deve ser também provocada por outra causa. Essa outra deve ser motivada por outra, e por aí vai. E assim, chega-se ao infinito. Mas deve haver uma causa que não seja decorrente de outra. Uma causa que seja o princípio de todas as outras. Esta causa só pode ser Deus.
O terceiro fala da “necessidade”: tudo que existe tem um princípio e um fim. Tudo nasce e morre. Tudo se acaba. Tudo tem um tempo para chegar ao fim. Cem anos, mil anos, um bilhão de anos, um trilhão, enfim, tudo tem, inapelavelmente, um fim. Mas deve haver um ser infindável, imutável e, sobretudo necessário. Esse só pode ser Deus.
O quarto ressalta a “perfeição”: Todos os seres do mundo podem ser graduados segundo as suas espécies, com um grau maior ou menor de perfeição. As estrelas são graduadas pela grandeza do brilho. Enfim, tudo o que existe pode ser graduado no que tange à perfeição. No caso dos homens, desde os mais ignorantes aos mais sábios, todos têm uma posição graduada. Mas deve haver um ser que tenha uma graduação maior que a de todos os demais. Seria o, absolutamente, mais perfeito. Esse só pode ser Deus.
O último e quinto pensa sobre “a ordem das coisas”: Há uma precisão cronométrica no movimento dos astros. Hoje podemos indicar o dia, a hora, os minutos e segundos de um eclipse que acontecerá no ano 3.000. O universo se move segundo uma ordem perfeita. As estações vão e voltam e o homem se conscientiza de que existem cada vez mais leis reguladoras para tudo. Aos poucos, os cientistas descobrem que acontecimentos que julgavam ocasionais são regidos e calculados por leis de causa e efeito. Mas toda essa ordem perfeita deve ser proveniente de uma causa inteligente. Esta causa inteligente, portanto, só pode ser Deus.
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