Palavreando - Década - 31 de dezembro de 2010 a 3 de janeiro de 2011.

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Década foi a forma que o homem encontrou para descrever o grupamento de dez anos. De certa forma, dez anos fecham um ciclo, como cada ano é um ciclo de 12 meses, cada mês um ciclo de quatro, cinco semanas, cada semana um ciclo de sete dias, cada dia um ciclo de 24 horas e assim por diante, dentro do método de contar o tempo com a Terra circulando em torno do Sol. Mas a translação não importa para quem sabe que o tempo é finito e corre ao ponto que uma década acaba sendo mais assustadora do que um mês ou um ano, pois se um dia vivido já foi e outro já está sendo, imagine se dez anos se foram e dez anos que já estão sendo.

Se em um dia tudo pode mudar, imagine em dez anos. É a reunião de muitas mudanças, é a silhueta que a vida encontra para demonstrar a todos que ela está acontecendo, quer você aconteça ou não. Em dez anos acontecem tantas coisas... O menino vira homem. Atitudes evoluem e o que você fez há dez anos, se pudesse faria diferente com a cabeça de hoje.

Em dez anos, o quanto a sua vida mudou? O que você fez nos últimos dez anos? Como foram seus últimos dez anos? Se fizer essas perguntas ao mundo, talvez ele responda: “eu fiquei aqui para que as pessoas fizessem, elas me transformaram e evoluí tanto quanto retrocedi. Se fui feliz ou triste? Fui ambos, uma vez que é esse misto que faz de cada um, de cada qual parte da humanidade.

E assim como o mundo viu impérios desmoronarem e outros surgirem, nós também vimos pessoas entrarem e saírem de nossas vidas, com algumas permanecendo! Amores vieram e foram, e lutamos muito e talvez lutássemos mais se assim fosse preciso para que ficassem. E esses que aqui estão avançando para outra década, permaneceram, às vezes, meio que obrigados, outros convencidos de que o melhor era acreditar e continuam a acreditar que é possível ser feliz e estar juntos por muito tempo...

Novelas passaram e nossas vidas imitaram a arte, como a arte imitou as nossas vidas. Vestimos personagens e fingimos ser quem não éramos, e também fomos nós... E foi aí que fomos autênticos, únicos. Seriados norte-americanos nos entreteram e nos fizeram sonhar em sermos super-heróis, quando o super-herói do seriado só queria ser humano. Erguemos troféus, choramos derrotas, tivemos medo e na coragem avançamos. Dividimos nossas vidas para multiplicar nossos tempos e brindamos ao Sol, à Lua, à chuva e aos amigos sob esse Sol, essa Lua, no meio da chuva. Não houve perfeição, mas foi na busca por ela que nos sentimos vivos e fomos realmente felizes.

Dez anos, uma década, não resumem uma vida, mas contam um bom trecho dela. É como um filme ou parte de uma trilogia. É um marco inegável que nos faz refletir sobre o que veio antes dos dez, o que foram os dez e o que serão os próximos.

Alguns desses anos dentro dos dez foram melhores, outros piores. Uns mais fáceis e outros mais difíceis, mas são todos eles que contam a história dos dez. Se um se perde ou fica pelo caminho já não são dez. É como os dias, uns são mais bonitos e outros mais feios, no entanto, todos são importantes. Não dá para ocultá-los, pois nossa pele envelhece e o nosso tempo caminha, ainda que não caminhemos. É cada dia que faz um ano. É cada ano que faz uma década. É a soma de todos os tempos que faz uma vida.

Faremos diferente, repetiremos erros e tentaremos refazer os acertos ainda que saibamos que nada é exatamente igual. As pessoas mudam como as circunstâncias. Promessas feitas ontem já não convencem amanhã. A confiança é mutável e a coragem é exigente. É preciso estar atento!

Mas viveremos sempre na esperança de que essa não seja a última década como a que se encerra não foi. Queremos mais, não porque somos gananciosos, mas porque todos nós temos um talento (ainda que em uns, mais escondido) para ser feliz. É da nossa natureza ter essa inclinação para o prazer de viver e de buscar a felicidade. Só não podemos só assisti-la, sem vivê-la profundamente.

Somos seres em construção e não nos construímos sozinhos. Dependemos de um todo que é o mundo e as pessoas nesse mundo e a forma como nos portamos nele e com as pessoas que estão nele é que determinam o quanto somos bons nesse negócio de viver. Esses fatores são cruciais para que atinjamos plenamente o gosto pela vida, nos dando a força para sermos intensos a cada hora, dia, semana, mês e ano de cada década, na reunião de décadas que deve ser cada vida.

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