Vimos nas telas a continuação de um dos filmes de maior sucesso da história do cinema nacional, Tropa de Elite. Tropa de Elite 2 conta a saga do capitão Nascimento contra o “sistema”, que é em suma o crime organizado na cidade do Rio de Janeiro. O mais interessante do segundo filme é que Nascimento vai descobrindo aos poucos a verdadeira extensão do “sistema”. Pessoas em que ele confiava dentro da própria Secretaria de Segurança Pública se revelaram parte do crime organizado, e assim a trama vai evoluindo.
A ideia, após assistir ao filme, é fazer um paralelo do “sistema” com as nossas finanças e como elas podem afetar o nosso desenvolvimento pessoal e financeiro. Imagine o “sistema” como se fosse seu universo com relação ao dinheiro. Se fosse o capitão Nascimento, ele diria que “O sistema, parceiro, não quer que você fique rico”.
Quem fala sobre o assunto é Antônio De Julio, trader de ações, investidor profissional e consultor especializado em finanças pessoais. Autor do livro Por Dentro da Bolsa de Valores, ela começa a matéria falando do “sistema” pelo crediário que existe no Brasil.
“Temos uma verdadeira enxurrada de crédito, lojas oferecendo parcelamentos cada vez maiores para seus produtos, oferecendo cartões de crédito como se fossem bancos, marketing pesado, tudo para que você gaste e pague suas parcelas dentro da própria loja. Consumidores com o sentimento de estabilidade no emprego, comprando bens com prazos cada vez maiores, sem ao menos fazer contas de quanto esses produtos vão pesar no orçamento e quanto estão pagando de juros. O “sistema” no Brasil tem a maior taxa de juros do planeta, e poucas pessoas se lembram disso na hora de abrir um crediário. Além de pagar mais caro, estão ajudando a inflacionar os preços de produtos de maior valor, como automóveis e imóveis. O que vale aqui é a sensação do produto novo, não o sonho de uma aposentadoria tranquila”, esclarece o especialista.
O “sistema” também conta com a falta de disciplina com o dinheiro não só do brasileiro, mas dos consumidores ao redor do mundo (lembrando da crise de crédito que ocorreu nos EUA em 2008). As pessoas acham chato falar sobre dinheiro, acham que economia é assunto para poucos ou para quem tem muito dinheiro. “Quem fala que dinheiro é chato, está dizendo a si mesmo que não gosta de dinheiro. O ‘sistema’ sabe que as pessoas são desorganizadas com suas finanças, que não fazem um bom planejamento de gastos futuros. Isso ocorre não só individualmente, mas dentro da própria família. Cada vez mais as pessoas dentro da mesma casa estão mais individualistas, pensam em si mesmas e no que elas vão comprar de última moda em roupas, aparelhos eletrônicos, acessórios e outros artigos do gênero”, exemplifica De Julio.
Aprendendo a combater o ‘sistema’
Felizmente, ao contrário do filme, é mais fácil combater esse “sistema” do que parece, pois depende única e exclusivamente de cada um de nós. Adquirir bons hábitos financeiros, fazer um bom planejamento, investir em boas empresas (ou até mesmo abrir uma, sabendo o que está fazendo), saber evitar investimentos duvidosos ou que prometem retornos milagrosos poderá fazer o “sistema” trabalhar a seu favor, e não contra. Ao contrário de Tropa de Elite, não é preciso esperar o Bope agir para resolver a situação. “Nós mesmos podemos ter a nossa ‘Unidade Pacificadora Financeira’ dentro de casa, trabalhando pelo nosso futuro e pelo futuro de nossos filhos.”
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