Fernando Bringhenti quer difundir mais qualidade ao polo gastronômico local
O chef de cozinha Fernando Bringhenti iniciou cedo sua carreira na gastronomia. Tudo começou quando foi para a Inglaterra, aos 19 anos, sem saber falar inglês, pedindo emprego com um bilhete traduzido por um colega. A princípio ele trabalhou como lavador de pratos num restaurante francês e teve que aprender a se virar para sobreviver. “Hoje eu entendo por que eles me deram trabalho. É o ‘se vira’. Na cozinha, você tem que ter espírito. O cliente está ali, sentado, e qualquer coisa que aconteça o show tem que continuar, o cliente tem que ser servido”, diz.
Aos poucos, Fernando foi assimilando a língua inglesa e vários truques de culinária. Ele investiu em si próprio e se formou em gastronomia no Centre de Competence Hoteliere, em Lille, na França, e fez especializações em vinhos, eventos e gerenciamento de alimentos na França, Inglaterra e Estados Unidos. Ao longo dos anos foi adquirindo conhecimentos da culinária mundial, levando pratos internacionais para vários países.
Com a grande experiência adquirida, o carioca notou uma tendência triste do mercado gastronômico: a escassez de profissionais treinados não só na culinária, mas, também, garçons. Fernando explicou que o nível do serviço dos garçons está cada vez pior, pois muitos não se interessam em aprender a profissão de verdade. “O básico já está básico demais”, declara. Ele vincula o declínio da qualidade ao fim da gorjeta, uma prática tradicional. De acordo com o chef, havia uma vontade de servir bem, de se destacar no serviço para ganhar a gratificação, que era obrigatória. “A gorjeta vinha de um superantendimento”, analisa. Quando tal obrigatoriedade acabou, muitos negligenciaram a profissão. “Havia um ciclo de aperfeiçoamento, de melhora. Era um sistema que havia sido criado. Você é o que você merece. Você é o que você é capaz. Os Estados Unidos são o único lugar no mundo onde você realmente é bem atendido, porque manteve a tradição do ‘vou te atender bem em troca de uma gorjeta’”.
Fernando aprendeu a profissão de chef e viajou o mundo. Ele esteve em 25 países, trabalhou profissionalmente em nove e viveu 17 anos fora do Brasil. O carioca veio para Nova Friburgo e trouxe dois projetos de formação para chef, garçons e amadores (um no Empório do Dengo e outro no GPH do Cônego). Para os cozinheiros, os cursos ajudarão a aprender mais sobre culinária internacional, novas técnicas, especializações e degustação. Amadores, como donas de casa, também podem incrementar suas receitas e se instruir com novas receitas e dicas de preparo de pratos com um profissional treinado. Para mais informações, acesse www.gphgastronomia.com ou www.emporiocursos.com.
Como não poderia deixar de ser, Fernando é um grande fã da culinária brasileira e afirmou que Nova Friburgo pode crescer mais como polo gastronômico. O chef sustenta ainda que “o município é um polo conhecido há muito tempo e com capacidade de aumentar ainda mais a clientela”. Ele ainda garantiu que tem muita gente na cidade que quer aprender a cozinhar. Apesar do município não contar com curso de gastronomia em nenhuma das suas universidades, existe um grande interesse por parte da população, tanto de jovens quanto de adultos, em aprender a cozinhar. De acordo com Bringhenti, o chef precisa aprender a degustar o prato, saber se está bom ou não para o paladar do cliente, e não para o próprio paladar.
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