Texto e fotos: Eloir Perdigão
Carlos Erich Kramer ninguém conhece, porém Chiminga todos sabem quem é. Tornou-se muito conhecido em Nova Friburgo por causa do futebol. Jogou no Esperança, Bom Jardim e Fluminense, da primeira divisão, e no Saudade, da segunda divisão. Foi campeão em todos eles, inclusive pela seleção friburguense, à época em que defendia o Esperança. Comerciário, trabalhou na Friburgo Automóveis (Friburgauto), e desde 1982, nas horas vagas, aos sábados, domingos e feriados, fazia brinquedos em madeira para crianças carentes.
Chiminga começou a montar sua oficina quando ainda morava num apartamento do Conjunto Bom Pastor, na Vila Amélia. Mais tarde, já numa casa no Bairro Ypu, pôde aumentá-la e dotá-la de mais equipamentos e ferramentas. A madeira sempre ganhou gratuitamente do amigo e vizinho Aurélio Crescêncio.
Carrinhos, piões, piorras, carrinhos de bonecas, cavalinhos, tudo vai ganhando forma pelas mãos de Chiminga. Mais recentemente, ele tem se dedicado a fazer mais os carrinhos de madeira e também os ioiôs, estes em acrílico, que sobra dos botões que faz para venda.
APOSENTADORIA E MAIS CRIANÇAS BENEFICIADAS - Quando Chiminga se aposentou em 1996, o que era um passatempo tornou-se a atividade do seu dia a dia. Aí aprimorou ainda mais a sua oficina e aumentou a ‘produção’. Isto significou também que mais crianças foram beneficiadas com os brinquedos que fazia. No início, Chiminga dividia os brinquedos de madeira que fazia durante o ano todo entre entidades, como a Apae, e crianças da periferia da cidade, o que fazia pessoalmente. Mais tarde ele acrescentou o Bike Noel, um grupo de ciclistas que distribui brinquedos por ocasião do Natal.
Depois de aposentado, Chiminga passou a trabalhar também com acrílico, fazendo botões para os aficionados desse esporte a preços simbólicos. Porém a maior parte do trabalho é realmente dedicada aos brinquedos de madeira para doação. “É um compromisso comigo mesmo”, define. E acrescenta: “É uma satisfação ver a alegria de uma criança quando ganha um brinquedo”. Terapia ocupacional, satisfação, doação são palavras que se misturam na entrevista de Chiminga. Tudo por amor às crianças.
UM MUNDO DIFERENTE - Chiminga filosofa: “Se cada um fizesse um pouquinho, a vida seria diferente”. Mas ele lamenta não ter aparecido ninguém que herdasse a atividade que faz. E afirma que hoje em dia não tem mais condições de ensinar. No entanto, mesmo aos 78 anos, não pretende parar. De agora em diante, o craque de futebol do passado e craque atual na arte em madeira garante que não aceita mais nenhuma encomenda de serviços em acrílico pagos. Vai se dedicar de tempo integral aos brinquedos de madeira das crianças. Ainda hoje reverte uma parte da produção às entidades e ao Bike Noel, e distribui pessoalmente a outra parte para crianças da periferia da cidade.
“Eu não pretendo parar. Mesmo diminuindo o ritmo, enquanto tiver condições quero continuar fazendo a alegria das crianças”. Isto significa que, por mais um ano, muitas crianças terão seu brinquedo em madeira no próximo Natal.
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