Ginástica e trabalho para o cérebro na terceira idade

Por Alessandro Lo-Bianco
sexta-feira, 08 de outubro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Foi-se o tempo em que se exercitar e trabalhar eram coisas apenas de jovens. Cada vez mais vemos pessoas da terceira idade preocupadas com a saúde e com a qualidade de vida, praticando algum tipo de trabalho ou atividade física em casa, nas ruas, parques, praias e, até, em academias.

Há uma grande mobilização médica e social contra o sedentarismo e a favor da movimentação física, inclusive, para aqueles que já passaram dos 60 anos de idade, afinal, hoje a população brasileira vive mais e com mais intensidade. E se os músculos precisam de exercícios, o que dizer do cérebro? Será que ele também não deveria ser exercitado para manter-se ativo e saudável, possibilitando a independência física e mental de quem está na melhor idade? Sim, este importante órgão também deve ser exercitado regularmente. “A falta de exercícios físicos atrofia os músculos da mesma maneira que não treinar o cérebro acaba prejudicando a memória”, compara o neurologista Paulo Bertolucci.

Ao contrário do que se pensava há alguns anos, pesquisas recentes têm mostrado que apesar de envelhecer, o cérebro mantém uma capacidade extraordinária de desenvolvimento e recuperação. O que mostra que qualquer um pode ter uma memória tão boa quanto a de um jovem. Isso porque “não há grande perda de neurônios com o passar do tempo. O que ocorre é que eles ficam inativos por falta de aprendizado e treino”, afirma o neurofisiologista Avelino Leonardo da Silva. Para deixar a mente afiada, é preciso tirar o cérebro da zona de conforto, combinando três fatores: novidade, variedade e dificuldade crescente. Por isso é necessário sair da rotina e estimular o cérebro com coisas que ele identifique como novas. Um exemplo são as ‘neuróbicas’ – aeróbicas dos neurônios – onde pequenas mudanças no dia a dia já fazem diferença, como escovar os dentes com a mão contrária da de costume, andar de costas, usar o relógio no pulso direito (caso o coloque no esquerdo diariamente), buscar caminhos alternativos para ir ao trabalho e, mais ainda, estimular as relações sexuais com novas emoções. Portanto, a receita para ficar com a mente sempre ativa e curtir a terceira idade com saúde mental é simples: basta deixar a preguiça de lado e pôr a cuca para funcionar! Os resultados são muitos: diminuição dos famosos ‘brancos’ na memória, melhora da autoestima e segurança, manutenção da coordenação motora e socialização, pois a convivência e a interação com jovens e adultos de diferentes idades mantêm a pessoa alegre e vivaz.

Maria Célia Branco é um exemplo de como se manter por cima na vida. Aos 75 anos ela encontrou nas terapias holísticas uma nova maneira de realizar e superar os obstáculos que a vida lhe apresentou. Professora especializada na educação de surdos, dona Célia sempre teve uma característica forte: seu altruísmo. Após o falecimento de sua filha, ela ingressou no curso de alimentação natural e passou a oferecer refeições para fregueses particulares. Foi quando outra notícia lhe abateu: o falecimento do seu marido. Mas mesmo assim a vida seguiu e Célia iniciou os estudos de terapias alternativas, que a levaram a encontrar o que ela chama de “finalização de um ciclo”. “Encontrei nas terapias uma maneira de retribuir a força que tive para superar a morte de minha filha e, mais recentemente, de meu marido. Ambos adoeceram e precisaram ficar sob meus cuidados.”

Apesar de todo processo doloroso, ela explica que foi com a nova atividade que buscou forças para seguir em frente e que não imaginaria como seria se a vida estivesse, hoje, ociosa. Trabalhando com terapias alternativas, como a cromoterapia, massoterapia, reflexologia, pedras quentes, cristal terapia, aurículo terapia e florais, ela iniciou o trabalho atendendo como voluntária pessoas carentes de uma comunidade em 2007 e, atualmente, outras terapeutas holísticas se juntaram a ela formando um núcleo chamado Caminho do Sol – Espaço de Terapias Holísticas –, que funciona no Rio de Janeiro. Quanto tempo de vida lhe resta? “O tempo que eu tiver forças para continuar trabalhando”, diz sorridente.

Fica aí uma dica! Para exercitar a mente, não é necessário esperar pela recomendação médica, basta ter boa vontade e estar consciente de que praticar ginástica ou alguma atividade para o cérebro é investir na própria vida. E se você pode propiciar isso para o seu avô, sua avó, sua mãe ou seu pai, não pense duas vezes! Coloque-os dentro do carro e comece esta nova fase indo passear com eles num local diferente e novo. Tenha a certeza de que eles irão adorar, e você também!

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