Há muito tempo, na época dos avós dos nossos avós, numa aldeia muito distante, na Europa, precisamente na Alemanha, nasceram os irmãos Grimm. Jacob Grimm nasce em Janeiro de 1785 (morre em 1863), e Wilhelm, em setembro de 1786 (morre em 1859). Tornam-se bibliotecários, professores, acadêmicos e catedráticos. Diz-se que os dois conheceram uma senhora que contava muitas histórias, contos e lendas – Dorothea Viehmann – que corriam de boca em boca. Passaram então a registrar essas histórias, que foram recolhidas depois nos volumes de Kinder-und Hausmärchen, entre 1811 a 1863.
Minha avó contou-me que os Grimm também conheceram o livro de Charles Perrault – Contos da Mamãe Gansa –, com histórias populares recolhidas no interior da França durante o século XVII. E é claro que os Grimm leram o livro Contos e Histórias de Proveito e Exemplo, de Gonçalo Fernandes Trancoso, publicado em Portugal no século XVI. Bom, assim me contava minha avó, e vocês sabem que em avó e avô tem-se que acreditar.
Já meu avô chamava atenção para outra senhora: Katheerina Vieckman. Ela contava muitas versões das histórias anotadas e publicadas pelos Grimm, quando das andanças destes pela Alemanha, na missão de recolher, diretamente da boca das camponesas, as velhas histórias conservadas na memória pelas gerações.
A produção fértil e extensa desses irmãos ajudou a orientar e ordenar a vida social na Alemanha.
Os estudiosos da linguagem e, ainda, antropólogos, psicanalistas, historiadores, educadores e os narradores festejam, com vibração, a presença dos irmãos Grimm e suas histórias na construção das sociedades modernas e na formação das identidades dos povos e suas nações, nesse entrelaço de notícias das experiências de personagens e seus enfrentamentos às ameaças, às dores, às alegrias, aos fracassos e às vitórias necessárias à plenitude da condição humana.
Dessas histórias, tomei conhecimento em minha infância, ouvindo meus avôs contá-las e, posteriormente, lendo-as em livros de Sílvio Romero, Câmara Cascudo e tantos outros folcloristas do Brasil. Vivenciei em minhas leituras, atracado aos livros de Monteiro Lobato, muitas emoções em algumas das passagens circunstanciadas nas vozes desses meus avoengos, contadores de histórias. Ler, em silêncio, quando só, ou em voz alta, quando com amigos, é um prazer enorme sempre que me deparo com esses textos.
Francisco Gregório Filho
In:Irmãos Grimm em quadrinhos,Rio de Janeiro: Ed. Desiderata,2007.
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