Bula sem Lupa - 18 a 20 de setembro.

Por Dalva Ventura
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Sinusite atinge um número cada vez maior de crianças

A sinusite infantil é um problema que vem se agravando a cada dia. Vivendo em apartamentos fechados, rodeadas de bichinhos de pelúcia, passando por vezes o dia inteiro em creches e escolas nem sempre muito arejadas, as crianças são as maiores vítimas desta doença, que quase sempre tem como pano de fundo um processo alérgico. A sinusite é, na verdade, um processo inflamatório que compromete a mucosa dos seios da face. Estas cavidades, denominadas ‘sinus’, atuam como uma caixa de ressonância da voz e também são importantes na sustentação do peso da cabeça.

O problema vem aumentando no mundo todo. Calcula-se que atinja uma em cada cinco crianças e sua incidência já está preocupando os especialistas. Até crianças pequenas vêm apresentando sinusite, pois não sabem expelir a secreção nasal e acabam aspirando-a para dentro das fossas nasais. O fato de ter seios da face pouco desenvolvidos também pode dificultar a drenagem natural desta secreção.

Os pais devem ficar atentos, pois, diferentemente do que acontece com os adultos, a sinusite infantil não costuma ser acompanhada por dor de cabeça. Uma de suas primeiras manifestações é a tosse noturna, sintoma normalmente atribuído à bronquite, mas que pode indicar, na realidade, uma sinusite. Não existem receptores de tosse no nariz, mas a secreção dos seios nasais e paranasais vai irritando a garganta, o que provoca a tosse.

O ar que se respira tem que penetrar e ser distribuído livremente até os seios paranasais. Por outro lado, as secreções produzidas na mucosa respiratória também devem ser eliminadas sem dificuldade. Ocorre que estas, por vezes, são frágeis e nem sempre conseguem dar conta deste mecanismo, favorecendo o aparecimento de todo tipo de infecção respiratória, inclusive a sinusite. Quando a ventilação do nariz e dos seios paranasais se torna deficiente por alguma razão, as mucosas ficam mais espessas e o pH cai. Quando a mucosa do nariz é agredida, as bactérias que habitam ali começam a se multiplicar e a se colonizar de uma forma exagerada.

Como a imunidade infantil não se encontra plenamente desenvolvida, a mucosa respiratória nem sempre consegue protegê-la das agressões do meio ambiente, dos alérgenos e substâncias irritantes que penetram no organismo.

Cloro das piscinas também pode ser muito agressivo para a mucosa nasal

Segundo os médicos, o cloro das piscinas também pode ser muito agressivo para a mucosa nasal. Por isso mesmo, muitas crianças passam a sofrer de sinusite quando começam a praticar natação. O fumo também pode ser um fator desencadeante da sinusite e, por isso mesmo, crianças cujos pais fumam são mais propensas à sinusite.

As mais propensas, porém, são mesmo as alérgicas. Ao entrar em contato com certas substâncias, seu organismo produz anticorpos, que acabam desencadeando uma reação inflamatória. Com a mucosa do nariz inchada, o ar não chega a ventilar a região dos seios nasais e a secreção acaba ficando acumulada nas cavidades paranasais, provocando, então, a sinusite.

A sinusite também pode ser mantida por causas anatômicas, como os desvios de septo. Neste caso, o problema só é resolvido através de uma cirurgia. Adenóides hipertrofiadas também podem ser a origem do problema.

O diagnóstico é feito com auxílio de equipamentos que permitem uma visão direta da região, como uma radiografia dos seios da face, tomografia ou videolaringoscopia nasal.

O tratamento se baseia na drenagem das secreções. Também é importante ensinar aos pequenos a assoar o nariz corretamente, uma narina de cada vez, e a não ficar aspirando a secreção, mantendo o nariz sempre bem lubrificado. Os otorrinolaringologistas contraindicam as inalações. Já as nebulizações auxiliam verdadeiramente no processo de drenagem de secreções e de umidificação.

O uso de gotas nasais só é recomendado em casos especiais. Apesar do alívio imediato que podem oferecer, estes medicamentos devem ser evitados. As gotas até conseguem arejar as fossas nasais, mas logo depois a obstrução volta igual ou pior e, a longo prazo, podem provocar até uma rinite medicamentosa.

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