Lazer na velhice

Por Thereza Freire Vieira (*)
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra

A aposentadoria muitas vezes não traz a calma, a felicidade e o descanso esperado. Mesmo que a renda familiar seja satisfatória, a ociosidade traz consigo maus hábitos, desânimo, desleixo, perda de interesse pelas coisas circundantes. Faz mal à saúde. Quem não se preparou para a aposentadoria, desenvolvendo alguma outra atividade, não pensou em como completar o seu tempo com algo de que goste e ao mesmo tempo que lhe aumente a renda familiar, deverá urgentemente procurar algo para fazer e de preferência que aumente a renda, para que possa passear, viajar, fazer as coisas que tanto desejava fazer.

Ficar sem fazer nada, sem se interessar por nada, não é lazer, é ócio e prejudicial à saúde. Lazer é o que se deve fazer nos fins de semana: passeios, ir à praia, divertir-se com a esposa, com os netos, organizar jogos e brincadeiras.

As pessoas que se aposentam poderiam empregar o tempo que lhes sobra fazendo o que sabem, o que gostam, ajudando os menos favorecidos. Lembro-me de um senhor que depois dos setenta anos aprendeu a ler e escrever, numa escola montada por uma aposentada que dizia não saber fazer outra coisa que ensinar, e como se dedicara a vida inteira ensinando a crianças, resolveu ensinar a adultos. O resultado foi surpreendente. Esse senhor, que era um dos mais idosos da turma, fazia peças de madeira e escrevia nelas verdadeiras poesias. Fez exposição, foi entrevistado, saiu seu currículo em todos os jornais da cidade. Ele, que sempre trabalhara na lavoura e tinha filhos para criar e para encaminhar à escola, havia chegado o seu tempo e ele não o desperdiçou.

Ele se sentia feliz com tudo que aprendera e começou a ler todos os livros que a professora lhe dava. Ela sentia-se realizada, disse que a sua satisfação era maior que nos tempos em que lecionava no grupo escolar.

As paróquias têm grupos de mães que se reúnem para discutir os problemas, ensinar costura. bordado, pintura e fazer enxoval para as mães pobres que também ajudam na costura, fazendo também casaquinhos, sapatinhos e roupas próprias para bebês, que são entregues às mães menos favorecidas. Algumas, com o que aprenderam, começaram a costurar, fazer tricô e crochê para ajudar na renda familiar.

(*) - Médica geriatra e escritora colaboradora de jornais e revistas.

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