Identidade paralela: Johnny Massaro reflete carreira em meio a pincéis e tintas
Não é só na tevê que Johnny Massaro, o Fernandinho de Malhação ID, da Globo, mostra sua capacidade de criar. Quando está longe das câmaras, o ator extravasa suas ideias e sentimentos em telas e paredes. “O boneco da parede surgiu em um dia de tédio. Resolvi pintar qualquer coisa”, desdenha ele, referindo-se a um desenho de aproximadamente três metros de altura que fez no cômodo anexo ao seu quarto. Na hora de pintar, Johnny segue um pequeno ritual – algumas vezes automático. Cobre o chão com muitos jornais, pega o iPod, o pluga em um amplificador de som e deixa a música fluir. Na lista de ritmos e artistas mais executados em seu aparelho, estão desde o jazz de Amy Winehouse, passando pelo multiinstrumentista Yann Tiersen e o indie rock dos Strokes. “A música tem uma significativa parcela no meu processo de criação. Se fosse pintar hoje, com certeza ouviria Florence And The Machine, diz, ao comparar a banda britânica de neofolk com sua atual fase, que classifica como ‘sensorial’.
Com pincel de número 18 na mão e tintas acrílicas de cores vibrantes e neutras no bolso, Johnny não se sente à vontade classificando o seu estilo de pintura. “René Magritte é um dos meus pintores favoritos”, revela o ator, que guarda no quarto um livro sobre o pintor surrealista que também não gostava quando sua obra era classificada. “Assim como fez Magritte, pintar é mais uma maneira de expor suas ideias e pensamentos. Faço por necessidade de me sentir vivo”, justifica.
O começo da carreira foi em uma produção para o público infanto-juvenil. “Meu primeiro trabalho foi em Floribella, na Band, entre 2005 e 2006", relembra Johnny, enquanto cobre com tinta preta as linhas da figura na parede feito a lápis. No ar em Malhação ID desde 2007, o ator garante que adora estar na telinha. “Não quero fazer escola de pintura e nem me preocupo com o conceito das minhas telas. Isso é um passatempo”, confessa. Acostumado com a rotina da tevê, em 2009, ele alçou voo quando passou em um teste para atuar no filme Divã, de José Alvarenga Jr. “Foi uma participação pequena, mas foi muito bom trabalhar com a Lília Cabral. É um outro ritmo de gravação, cuidados com pequenos detalhes”, revela empolgado, enquanto separa as tintas que estão em cima do roteiro de Malhação ID.
Johnny, contrariando o senso comum – pelo menos entre seus fãs – não ficou pesaroso quando soube que o personagem dele não prosseguiria na próxima temporada da novela infantil. “Passei minha adolescência inteira, de 15 a 18 anos, em Malhação. Foi ótimo. Talvez é o momento de partir para outras coisas. Acredito muito no que faço”, afirma ele, que não faz ideia do quanto as pessoas o associam ao Fernandinho. Johnny se preocupa com o risco de certos atores terem se confundido com seus personagens, que se tornaram mitos da televisão. “Mesmo não tendo um personagem muito forte, me assusta saber que podem não saber separar o ator do papel”, desabafa. Já na reta final de Malhação ID, Johnny diz que ficou surpreso quando soube que a namorada de seu personagem, Domingas, vivida por Carolinie Figueiredo, sairia da trama. “Eu pensei: ‘Caraca! E agora? O que farei?”, recorda ele que permaneceria na novela. “Estou em uma fase mais secundária, o que para mim é algo tranquilo”, garante ele que não gosta muito dos títulos de suas obras. Sobre uma possível exposição com suas telas, Johnny é enfático. “Só se for: ‘O ator Johnny Massaro expõe os quadros que pinta por hobby’”, ratifica ele dando ênfase quanto à profissão escolhida e pela qual deseja ser reconhecido. Ele sequer faz muitos planos. “Costumo deixar as coisas virem. O que quer que o futuro planeja, que venha de maneira sincera e que me faça feliz”, deseja o jovem ator.
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