Carlos Góes, cineasta, um dos fundadores da Orangotango Filmes (SP), está de volta a Nova Friburgo, cidade que ele diz ser “do coração”. Neste retorno, “incógnito”, como prefere dizer, esteve no último ano em Nova Friburgo escrevendo o roteiro de Filosofia de Rua 2, a continuação do filme ganhador do Prêmio Jovem Brasileiro 2007, na categoria cinema e TV, ao lado de Cidade dos Homens. Quem quiser acompanhar o trabalho do cineasta basta visitar o site www.carlosgoes. com.br.
LIGHT – Como surgiu a ideia de vir para Nova Friburgo?
Carlos Góes – Para começar, minha família é meio que daqui, o que já é bom, né? Desde que minha mãe ficou viúva, passei a vir com mais frequência, para dar uma força especial, resolver uns problemas burocráticos que ela não tinha condição de resolver, essas coisas. Ela ficou muito deprimida com a morte do meu pai, e por mais que minha tia estivesse por aqui para dar uma força, o que foi fundamental, me senti na obrigação de me fazer mais presente. Mudei um pouco minhas prioridades. E aí, sabe como é, uma coisa leva à outra, ficando mais tempo por aqui acabei arrumando uma namorada friburguense... O namoro não deu certo, mas eu continuo aqui (risos). Coisas da vida...
LIGHT – E o que você andou fazendo até agora?
Carlos Góes - Lendo muito, estudando, fazendo cursos, indo a São Paulo fazer uns trabalhos... E pintou a ideia de escrever um roteiro para um novo filme, que nem é tão novo assim (risos), já que é uma continuação do Filosofia de Rua, que foi um sucesso em São Paulo. Estando por aqui senti falta de uma versão RJ do filme, que tem o nome provisório de Filosofia de Rua – parte 2 – Rio de Janeiro - Meninos da Candelária.
LIGHT – Como surgiu a ideia de realizar o filme Filosofia de Rua?
Carlos Góes – Estava em São Paulo gravando uma matéria para o programa que eu apresentava – Estilo e Negócios (TV Alphaville – SBT), algo nada a ver com o filme, matéria sobre consumo para um público sofisticado, algo sobre vinhos eu acho. Por alguma razão tive que passar pelo centro e vi uma quantidade tão absurda de moradores de rua que resolvi descobrir por que aquele número aumentava sem precedentes. Parecia uma convenção informal na Praça da Sé. Aquilo me incomodou muito. Desci do carro da produção de terno e gravata e sentei na praça para conversar com os caras. Já estava com todo o equipamento para gravar, resolvi ligar a câmera e fazer uma ‘coletiva’ às avessas: um jornalista e vários desabrigados. Era uma manhã abafada, calor chato, fumaça, bem São Paulo mesmo. Fiquei ali por umas duas horas batendo papo com uma meia dúzia deles. Até aí, tudo bem. Quando cheguei em casa, começou a chover muito e foi naquele momento que pensei que aqueles sujeitos continuariam na rua embaixo de chuva. Não podia deixar barato. No dia seguinte virou prioridade minha aquelas pessoas. Se já é o fim da picada alguém dormir na rua no tempo seco, quanto mais com chuva e frio! Acho que por isso o filme virou um ‘hit’. É muito autêntico.
LIGHT – E a ideia é gravar a segunda versão no Rio?
Carlos Góes – Sim. Quero começar a gravar na Candelária, onde aqueles meninos foram assassinados brutalmente.
LIGHT – E como será a abordagem?
Carlos Góes – Uma das coisas que quero entender é a relação da droga com o morador de rua. Minha ideia é fazer uma versão reduzida do filme para distribuir gratuitamente em escolas, para desestimular o uso de entorpecentes entre jovens. Acho que esse é o lado social da comunicação. Se conseguir fazer minha parte, ficarei bastante satisfeito. E gostaria de fazer o lançamento em Nova Friburgo. Espero conseguir o apoio da cidade. Todos, desde já, estão convidados.
LIGHT - Isso seria ótimo para a cidade, sem dúvida. E quanto à televisão? Abandonou?
Carlos Góes – Não dá para abandonar, né? É uma loucura, correria, mas acho que tá no sangue do caboclo. Este ano quero estrear um programa, que se chama a princípio Circulando. Sou eu numa moto, rodando o país sozinho, à procura de locais turísticos acessíveis a todos os bolsos. Com um detalhe: só posso levar R$ 100.
LIGHT – Cem reais?
Carlos Góes – É uma mistura de reality show com road-show americano e um tempero tipicamente brasileiro. Já está em fase de pré-produção.
LIGHT – Quanta criatividade, hein?
Carlos Góes – Nova Friburgo me fez bem.
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