Por uma cidade-parque
“A natureza é o grande diferencial do nosso município. Ou continuaremos acreditando que são os chalezinhos, um mero pastiche arquitetônico europeu? Somos muito mais do que isso”
A cidade-parque – termo cunhado pelo prefeito Heródoto Bento de Mello – é uma percepção muito interessante do nosso município. Ela parte da constatação de um fato, mas é também um vetor de desenvolvimento, um caminho a ser trilhado.
Somente 10% do nosso território são urbanizados. O resto é da natureza. Logo, para sermos uma cidade-parque não podemos desmatar uma árvore sequer. Pois além do respeito ao meio ambiente, a manutenção das árvores traz diversos benefícios para nós.
As árvores reduzem o nível de CO2 da atmosfera, mantêm as encostas firmes, nos protege contra o vento gelado do inverno e o sol do verão e mantêm os estoques de água subterrâneos. Além disso, suas folhas, galhos e troncos reduzem significativamente o barulho dos automóveis e deixam casas, ruas, praças e montanhas mais bonitas. E ao trazer para a cidade elementos da natureza, melhoramos nosso bem-estar e incentivamos o turismo.
E este ponto – que mais difícil ainda de concretizar – de fazer da área urbana uma parte integrante do parque e não uma exceção, é a verdadeira chave da mudança.
De uns tempos para cá, a causa ambiental – que antes era vista como um entrave ao desenvolvimento – se tornou uma força indutora de desenvolvimento; até mesmo a China vem se tornando verde. É uma questão moral, que também é uma grande oportunidade econômica. Portanto, não podemos esperar sentados a tendência chegar aqui já consolidada, sem levar em conta as vantagens que possuímos para sermos pioneiros nisso. A natureza é o grande diferencial do nosso município. Ou continuaremos acreditando que são os chalezinhos, um mero pastiche arquitetônico europeu? Somos muito mais do que isso.
Mas, para adotarmos o selo ‘cidade verde’, temos muito o que fazer, senão receberemos também o selo ‘cara de pau’. O histórico da causa ambiental de Nova Friburgo não é nada animador, mas não quero aqui chorar pitangas, quero enumerar questões que considero importantes, embora não tenha espaço nem competência para tratar dos seus pormenores: a alfabetização ecológica, o ecoturismo, a energia eólica e solar, os green buildings (porque tem gente que ainda acha os prédios espelhados um símbolo de modernização), a reciclagem do lixo (transformado em matéria-prima e energia), os produtos e serviços verdes (poderíamos lançar um selo, poderíamos ser um cluster verde), e por aí vai. Certamente estou esquecendo de muita coisa.
Nesta questão, a esquerda e a direita podem andar juntas, é uma causa maior em sintonia. A cidade-parque, se for desenvolvida e considerada em toda a sua amplitude, criará uma relação mais harmônica com a natureza, e isso ocorrerá graças às vantagens econômicas e sociais que apresenta.
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