Palavreando - 15 de maio.

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 14 de maio de 2010
por Jornal A Voz da Serra

O lugar que eu amo

O lugar que eu amo tem ruas de estrelas, praças de suspiros e lagos de sonhos. É intenso, é mágico, é lindo. É diferente de tudo que já vi e busquei. É costurado em bela história, com pedacinhos de céu ao ponto que se confundir com o próprio céu. É paradisíaco e por isso mesmo um paraíso que me faz acordar todas as manhãs com a orquestra dos pássaros que fazem festa nos seus imensos canteiros, pela alegria pura de estar ali.

No lugar que eu amo o Sol chega depois, ele só aparece quando está bem alto, insiste em contemplar tamanha beleza que o ofusca e o incendeia. Ele vem pra namorar e descobre que ama esse romance, ainda que lhe pareça meio impossível, pois tem que dividir esse lugar, todos os dias, com a Lua que traz a noite iluminada. A mais iluminada entre todas as noites. A Lua casa com o lugar que eu amo e orgulhosa empresta carinhosamente o seu manto de luz branca, branda e incandescente. Tem esperança de estar ali para sempre, mas se afasta com ciúme da beleza que a esconde, mas volta ao compreender que na verdade ela, a Lua, e o lugar que eu amo se completam.

O lugar que eu amo tem cheiro bom. É cheiro de mato com fragrância de finas flores. E tem cheiro diverso que aguça o paladar de quem tem fome de vida. Tem sabor de romance que fantasia a alma para o amor que pode até ter fim, mas que sempre renasce na esperança de ser para sempre amor. É a terra da esperança que persegue a eternidade e persiste em ser para sempre assim, esse menino travesso, essa menina que não quer parar de brincar de boneca.

O lugar que eu amo tem muitas histórias para contar. É um velho esperto que guarda suas memórias e acrescenta sempre a sua façanha mais pitoresca, implementando, continuadamente, o seu talento de bom contador. São histórias que se dividem entre contos, lendas e biografias. Histórias que se sustentam em letras de paixão e ódio, mas nunca indiferença. E não dá pra ser indiferente às suas guerras cotidianas de ontem, hoje e amanhã... Elas deixam feridas, fissuras, mas por fim acabam curadas, pois o lugar que eu amo tem em si o nome de nova, uma nova que se inova e se renova sempre.

O lugar que eu amo tem todo tipo de gente, toda espécie de bicho-homem, de todos os jeitos e trejeitos, mas abriga a todos, não porque deles vive, mas por que com eles se faz príncipe do castelo e também musa da passarela.

Não há lugar melhor para se viver do que aquele que te faz feliz! Você me faz feliz demais que eu não duvido: eu quero é ficar aqui, assim, tão perto do céu ou no próprio céu, do alto, vendo o resto do mundo. Esse é o meu lugar e ainda que me emprestem abrigo é nos seus braços que suspiro. É de suas fontes que sinto ciúme, que tenho saudade e que verdadeiramente amo. É na sua natureza que respiro aliviado e me sinto realmente em paz. A paz de quem está de bem consigo mesmo, de quem está feliz pela simples felicidade que não me procura, porque a felicidade já está ali, fazendo morada no peito! E nem preciso de anzol para pescar estrelas, acaricio cada estrela com as mãos, porque aqui elas flutuam em volta de mim.

Ah! Você, lugar meu que amo! Meu lugar de ser feliz! Não queria perder uma manhã sua, nem um exprimir e comprimir de seu grande coração que pulsa nos meus pensamentos que vão de encontro aos seus... E quando vou para outros lugares me sinto incompleto ainda que seu retrato esteja guardado comigo para onde vou. É quando me afasto de você que realmente sinto que não posso ser feliz sem estar no abraço de suas montanhas que me aconchegam, me confortam e me fazem feliz. Com você me completo. Por você morro de peito aberto. E tudo isso, essa declaração de amor rasgada e livre de qualquer exagero, é porque você faz de mim um privilegiado... E não sei se consigo sem você. Se me tiram a montanha, me roubam de mim mesmo, me roubam o eu que é feliz por ser friburguense e pleno por amar, você, Nova Friburgo!

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