Multitude - 8 de maio.

Por João Clemente Moura
sexta-feira, 07 de maio de 2010
por Jornal A Voz da Serra

A Magia do cinema

“O cinema é um universo restrito ali na sala, um minimundo com uma grande janela para diversos mundos.”

Tem algo de mágico no cinema. É a única explicação para que as pessoas continuem frequentando esse espaço, apesar do advento da televisão, do videocassete, do DVD, Home Theater e bugigangas afins. Além do mais, inclusive podendo-se baixar os lançamentos na internet, antes mesmo destes entrarem em cartaz.

Talvez seja a sensação de grandiosidade, de espetáculo, de ver uma tela imensa na sua frente. Assistir a Diários de Motocicleta, 2001 - Uma Odisséia no Espaço, ou um filme do Kieslowski, ou qualquer filme ‘arte’ na tela do cinema é incomparável, como eu tive o prazer de assistir. Além do tamanho da imagem, no cinema a luz é emitida para a tela, e não da tela, como acontece nos aparelhos de televisão. Desconheço pesquisas científicas que tratam desse assunto, dos efeitos subjetivos, cognitivos, neurológicos, etc, desse jogo de luz, mas certamente existe uma diferença, é muito mais confortante.

O cinema é um universo restrito ali na sala, um minimundo com uma grande janela para diversos mundos. Quando se assiste a um filme no cinema, você pode ficar tão compenetrado e imerso que, quando acaba a sessão e você sai do cinema, você demora a voltar à realidade. É uma transição muito brusca!

Embora eu deva reconhecer que estar num cinema vazio é uma experiência bacana, muito da sua magia se deve ao fato (como no teatro) de se compartilhar o espaço com outras pessoas. Elas são seus cúmplices. Nos Estados Unidos, por exemplo, tem-se o hábito de aplaudir os filmes. Para nós brasileiros isso pode parecer ridículo, pois se pensa: "Aplaudir quem?!", mas tem uma lógica nisso, é a aprovação grupal – é um ato do grupo para o próprio grupo.

Estar compartilhando coletivamente uma experiência tem dois lados. Quando o filme é emocionante, fica mais difícil se entregar às emoções, principalmente para os homens, que não têm o hábito de chorar em público. Fica aquele nó na garganta. Mas por outro lado, quando o filme é do gênero comédia, acontece uma espécie de libertação, uma catarse coletiva, mesmo se tratando do pastelão mais idiota.

Lembro que fui ver Os Produtores no cinema e morri de rir. O cinema inteiro morreu de rir. Quando o filme saiu na locadora, aluguei para assistir com dois amigos meus e ninguém achou graça. E eu fiquei com vergonha de ter recomendado tão veementemente o filme – eu mesmo não estava entendendo porque ele agora parecia tão sem graça. Faltou aquele elemento... a magia do cinema.

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