Muita paixão e criatividade na arte de Marco Cardinot

Maquetista naval luta pela construção de um museu em Nova Friburgo
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

“Um dom que Deus me deu”. Assim o comerciante Marco Cardinot, 29, define a incrível habilidade e criatividade expressa em suas obras. A paixão por artigos relacionados à Marinha vem da infância e há dez anos ele decidiu produzir maquetes navais nas horas vagas, feitas simplesmente através da visualização de imagens.

Confeccionadas com material cem por cento reciclável, como papelão, palitos de picolé e pedaços de brinquedos velhos, o artista produz embarcações dos mais diversos tipos, como caravelas, submarinos, transatlânticos e aeronaves marinhas. Em seu acervo há ainda uma réplica do Urania, um dos navios que trouxe os colonizadores suíços para Nova Friburgo, em 1819, além de quatro cópias do Titanic, incluindo algumas reproduzindo seu naufrágio.

“Faço este trabalho por hobbie. Tinha uma loja num shopping e comecei a expor as maquetes. Muitas pessoas se interessavam, elogiavam e isso me motivou ainda mais. Recebia constantemente propostas, que já chegaram até R$ 2 mil, porém, não vendo as maquetes. Elas têm um valor sentimental muito grande para mim”, explica. E, justamente um dos interessados, o colecionador Ronald Botelho, se tornou sócio de Marco. Também apaixonado por assuntos ligados à área naval, Ronald fornece objetos históricos e originais de antigos navios, como timões, bússolas e lanternas. No acervo da dupla há atualmente mais de 400 peças e 208 maquetes catalogadas e reconhecidas pela Marinha do Brasil. Juntos, criaram a associação Mar na Serra como forma de expandir a divulgação do trabalho, além de atrair ainda mais o interesse de pessoas para o assunto.

O tempo de criação de uma obra leva em média dois meses. Porém, alguns trabalhos levaram até quase dois anos para serem finalizados. Isto se deve ao fato de a produção ser feita quase exclusivamente em momentos de folga. No entanto, quando o fluxo do comércio não é tão intenso, Marco consegue confeccionar algumas peças na pequena oficina, que fica no segundo andar de sua loja, no Centro. Neste espaço há também alguns objetos à mostra. Porém, a maioria da coleção está em sua casa. “Já tive que mudar de casa algumas vezes, devido à falta de espaço. Alguns me perguntam se é por causa de crianças. Não, o problema é onde acomodar tantos barcos”, diverte-se.

No início, suas maquetes eram meramente decorativas. Ele achava um retrato qualquer, por exemplo, e logo se interessava em montá-lo. Hoje, apenas embarcações históricas e lendárias são reconstituídas, pois acredita que agrega um valor maior à obra. Além disto, ele conta outra peculiaridade de seu trabalho. “Diferentemente de outros maquetistas, sou extremamente detalhista. É possível ver nos navios, por exemplo, as mesas e cadeiras da tripulação, além das maçanetas das portas. É uma produção extremamente trabalhosa e requer muita paciência. Mas ao ver o resultado final, a gratificação pessoal é inigualável”, garante.

Projeto para construir um museu em parceria com Prefeitura e Marinha

Após realizar algumas exposições de suas obras, incluindo na sede do Sanatório Naval, Marco atraiu o interesse de muitos empresários e colecionadores. Atualmente há convites para o fornecimento de suas peças para cidades como Rio de Janeiro e Petrópolis, e até mesmo Florianópolis, em Santa Catarina. No entanto, por ser friburguense, o maquetista diz que seu principal interesse é que seja construído um museu em sua própria cidade, que é a única no país que possui sede da Marinha localizada em região serrana. Atualmente ele conta com o apoio do corpo de veteranos fuzileiros navais e da Academia Brasileira de Medalhistas Militares. “Este ano o Sanatório de Nova Friburgo completa cem anos. Nada melhor do que comemorar a data com a inauguração de um lugar que possa eternizar sua história. Além disso, toda a população só tem a ganhar com este projeto. Serve tanto como um ponto turístico, quanto área de visitação escolar. Temos também a ideia da construir uma oficina escola, além de uma sala que serviria como sede dos veteranos fuzileiros”, adianta.

Para que seu sonho venha a se tornar realidade, Marco Cardinot afirma que faltam ainda alguns detalhes a serem resolvidos com a Prefeitura, como, por exemplo, a escolha do local onde será construído o museu. “Quando o prefeito Heródoto Bento de Mello viu meu trabalho, imediatamente se interessou, pois percebeu que se trata de um acervo que serve como patrimônio cultural para Nova Friburgo. Meu interesse na construção deste espaço não é financeiro. Quero ajudar a mostrar às pessoas a rica e importante história da Marinha. O retorno que espero é o reconhecimento da minha contribuição”, diz.

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